segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Nossa medida com os outros...



Comentário do Evangelho de Lc 6,36-38                            26.02.2013




Um lugar onde podemos ver e comprovar como nós não somos Misericordiosos como o Pai, é no trânsito. Não adianta fingir que não é com a gente, todos somos assim, olhamos para os outros condutores de veículos com extremo rigorismo, mas quando nos olhamos ao volante, sempre amenizamos ao máximo nossas falhas. Sempre vamos ter razões de sobra para justificar o nosso erro, cometido em uma ultrapassagem perigosa, em um excesso de velocidade, em uma fechada que demos no outro, ou em qualquer norma de segurança que quebramos, nós temos necessidade e justificativa para falar ao celular no volante, mas se flagramos o outro, dirigindo desatentamente por estar falando ao celular, rapidamente o condenamos.
O trânsito é só um exemplo bem concreto de que, a nossa medida com o próximo é bem pequena e miserável. O que nos falta é exatamente aquilo que em Deus é sempre abundantes eterna: a Misericórdia! Mas esse comportamento anticristão não é só pessoal, mas tudo e todos que nos rodeiam na Família e na comunidade, amenizamos os erros e pecados, abrandamos o impacto da ação ou do escândalo, se o fato ocorreu com um filho ou filha, ou um irmão da nossa igreja, mas se for com o Filho ou a Filha do outro, que não é parente e nem membro do nosso grupo da Igreja, ah meu irmão, olhamos com uma lupa de aumento e apregoamos aos quatro cantos o pecado escabroso que tal pessoa cometeu.
Misericórdia é acolher o outro em nosso coração, e o Judeu tem um significado ainda mais bonito, é acolher o outro em nosso útero, para dar-lhe uma vida nova com o nosso amor, é também sermos solidários com a miséria do outro, caminhar junto, sorrir e chorar junto e foi essa misericórdia do PAI , que Jesus manifestou por todos nós.
Não julgar, não condenar, perdoar, dar e acolher, são palavras chaves do evangelho, colocadas como prática cristã em nossa relação com o próximo no dia a dia. E o próximo são todas aquelas pessoas que passam por nós na rua, no Banco, na Feira Livre, no ônibus, na escola, no trabalho, na política, no futebol, na torcida. Na comunidade somos capazes de disfarçar a nossa raiva, impaciência e intolerância com o outro, mas fora da Igreja somos quem somos, e é exatamente nesses lugares e ambientes que nos relacionamos com as pessoas.
O evangelho traz uma exortação final muito séria, se a nossa medida com o próximo ( com todas as pessoas com quem cruzamos em nosso dia a dia, não é só com o irmãozinho da comunidade...) não for larga, cheia e generosa, Deus também nos olhará com rigorismo e não vamos poder contar com a sua bondade e misericórdia sem limites. Isso porque estamos deturpando a imagem, de Deus para o irmão.
E fica aqui, no final da reflexão uma boa pergunta: as pessoas com quem convivemos, acreditam em um Deus amoroso e misericordioso, ou em um Deus intolerante e implacável? Se a resposta for negativa, é bom não nos esquecer que essas pessoa simplesmente refletem a imagem de Deus que a ela passamos com a nossa conduta...

Ser misericordioso como Deus

Nosso texto é parte do "sermão da planície" (Lc 6,17-49). A perícope é a sequência do trecho dominado pelo imperativo do amor aos inimigos (vv. 27-35). O v. 36 é, ao mesmo tempo, afirmação de que Deus é misericordioso e convite a deixar-se configurar por este Deus; também corresponde a Mateus 5,48: "Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito".
A perfeição, como dissemos antes, está centrada no amor. Essa configuração da vida a Deus encontra sua expressão no amor aos inimigos (vv. 27.35). Os versículos 37 e 38 ilustram como o amor aos inimigos pode ser vivido concretamente, em conformidade com a misericórdia de Deus: ele que ama a todos indistintamente. Trata-se de não julgar (v. 37a), de não condenar (v. 37b), de perdoar (v. 37c) e de dar (v. 38a). É preciso ser generoso, pois quem ama é movido pela generosidade.
A recompensa de quem ama é o próprio amor. Dito de outro modo, nossa recompensa é Deus, que é amor (cf. 1Jo 4,16).

O cristão tem consciência de que suas ações superam os limites das relações humanas, para desembocar no Pai. Por isso, todo gesto humano, sem exceção, tem algo a ver com Deus: deve inspirar-se nele, de quem receberá o prêmio ou o castigo.
O eixo fundamental da vida cristã deve ser a misericórdia. O motivo é simples: a misericórdia é o eixo fundamental do agir do Pai. E, pela misericórdia, o cristão reproduz um modo de ser característico de Deus.
Jesus indicou-nos algumas maneiras de expressar a misericórdia: não nos tornar juízes do próximo, e por conseguinte, abster-nos de condená-lo; perdoar sempre, e sermos capazes de doar nossos bens, com generosidade. A misericórdia, portanto, consiste em colocar-se diante do próximo com a humildade de quem se sabe servidor, e com a consciência de não ter o direito de julgá-lo e condená-lo. Isto compete ao Pai. A pessoa misericordiosa está sempre disposta a reatar, mediante o perdão, os laços rompidos pela inimizade.
A contrapartida da misericórdia humana é a misericórdia divina. O Pai não julga nem condena a quem foi capaz de ser misericordioso. Perdoa a quem foi capaz de perdoar. E a quem soube doar, dá com superabundância.
O cristão não pode perder de vista esta dimensão de seu agir. A falta de misericórdia resultará fatal, no momento de seu encontro com o Pai.

AMAR OS INIMIGOS



Comentário do Evangelho Mt 5, 43-48                      23.02.2013


O mandamento de amar os inimigos é característico do projeto de Jesus. Esse mandamento é, em última análise, a pedra de toque da perfeição cristã. Quem é capaz de bendizer a quem o maldiz, fazer o bem a quem o odeia, orar por seus perseguidores e caluniadores, está muito próximo do modo divino de agir. Pelo contrário, quem ama somente àqueles que o amam, ou saúda apenas os seus parentes e amigos, age tão somente como os pagãos, que desconhecem a Deus.
Inspirando-se no Pai, o discípulo de Jesus ama, sem fazer distinção entre maus e bons, justos e injustos. Todos são irmãos, igualmente merecedores de seu amor. Os inimigos, no entanto, por representarem um desafio especial, devem particularmente polarizar sua atenção. Amando-os, o discípulo dará provas de sua condição de filho do Pai celeste.
A paixão e morte de Jesus exigiu dele pôr em prática o mandamento ensinado aos discípulos. Rodeado de inimigos, perseguidores e caluniadores, embora sabendo-se inocente, teria tido razão para odiá-los. Jesus, porém, venceu esta prova, ao implorar ao Pai que os perdoasse. 
Aliás, nada, nas cenas da paixão, deixa entrever ódio no coração do Mestre, em relação aos seus carrascos. A cruz é, para os cristãos, um sinal evidente de que, de fato, é possível amar os próprios inimigos.
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O amor centro da santidade



Comentário do Evangelho Mt 5, 43-48                      23.02.2013


Porque Deus ama a todos indistintamente, "faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos" (v. 45), e não nos trata segundo nossas faltas, é preciso amar os inimigos e fazer o bem aos que nos perseguem (cf. v. 44).
É exigência da vida cristã superar o ódio que mata e desfigura o ser humano. Toda a teologia da Lei, podemos dizer, é preservar a vida e a liberdade, que são dons de Deus. É nesse sentido que Jesus, prescrevendo amar os inimigos e rezar por aqueles que nos perseguem, leva a Lei à sua plenitude. O amor aos inimigos é oposição à lei do talião. "Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito" (v. 48).
O Levítico já apresentava convite semelhante: "Sede santos porque eu, o Senhor, sou Santo" (19,2). Se o Levítico fala de santidade, Jesus fala de perfeição e a centra no amor.

Amar como Jesus amou...



Comentário do Evangelho Mt 5, 43-48                      23.02.2013

O Evangelho de hoje nos convida a dar um passo a mais, e que parece tão difícil; amar aos inimigos! Não vingar-se, quando alguém nos faz o mal, até que é possível, mas o Cristão deverá ir além e amar aos inimigos, querer e desejar todo bem aos que os odeiam…
Nós confundimos amor com amizade, que são coisas diferentes, a amizade supõe uma convivência, uma concordância em certas coisas e pensamentos em comum, ninguém consegue viver sem uma amizade sincera, logicamente não é disso que o Senhor nos fala. O amor pode até nascer de uma amizade, mas ele sempre continuará superior a simples amizade embora a suponha.
Amar o inimigo é conseguir ver nele algum valor, algo de bom, que me entusiasma e que me leva a aproximar-se dele. Amar o inimigo é respeitá-lo como Ser humano em toda sua dignidade, é ser capaz de lhe estender a mão, caso ele sofra uma queda, é sempre estar pronto a reatar uma relação que foi rompida por algum mal por ele cometido. Amar o inimigo é desejar vê-lo vitorioso, é querer que ele se realize e seja feliz, mesmo que nos odeie. Amar o inimigo é ter um dia a coragem de lhe pedir perdão, ainda que fomos nós os ofendidos… Mas todas essas práticas seriam impossíveis de se fazer por nossa própria iniciativa, por isso Jesus coloca a oração, pelos que nos fazem e desejam o mal, pois a oração tem poder de nos tornar flexíveis, abertos, misericordiosos e propensos ao perdão.
A nossa oração pelos inimigos, não vai fazer com que Deus mude –os para melhor, mas sim vai fazer com que Deus nos mude, mude o jeito de pensar e de agir, em relação a essas pessoas, e a gente mudando, o inimigo também mudará, porque não resistirá ao bem presente em nós.
A referência é Deus, exatamente assim ele age em relação a nós, amando a todos e fazendo Bem a todos, sem distinção, mesmo os que o rejeitam, ele ama, porque o amor Divino é essa força transformadora que a tudo renova e restaura. Se não formos capazes disso, somos cristãos apenas de fachada…

domingo, 24 de fevereiro de 2013

A SANTIDADE REVELADA



comentário do Evangelho Lc 9, 28-36           24.02.2013


Os discípulos estavam longe de conhecer o Mestre, com quem partilhavam a vida e a missão. Nada de extraordinário havia em Jesus, que o distinguisse dos demais seres humanos. Com certeza, alguns traços de sua personalidade faziam dele uma pessoa especial. Contudo, nada que o fizesse impor-se às pessoas, obrigando-as a confessarem sua condição de Filho de Deus.
A transfiguração revelou aos três discípulos escolhidos o que, em Jesus, está além das aparências: sua santidade. Tudo, na cena, aponta para isto. Jesus transfigurou-se, enquanto estava em oração, em profunda intimidade com o Pai. Seu rosto assumiu uma nova fisionomia. A candura fulgurante de suas vestes, e tudo o mais, apontavam para a riqueza interior do Mestre. O ápice da experiência dá-se quando o Pai proclama-o com sendo seu Filho amado. Não resta lugar à dúvida: a humanidade de Jesus encobria sua santidade, que o colocava na esfera divina.
A proposta dos discípulos, encantados com o que viram, não convenceu a Jesus. Querer ficar no alto do monte, contemplando a glória do Mestre, não era um desejo viável. Era preciso descer a montanha e, com ele, caminhar até a cruz. Só então, para sempre, o fulgor de sua glória despontaria na ressurreição.

Promessa de ressurreição




comentário do Evangelho Lc 9, 28-36           24.02.2013

Esse relato da transfiguração está presente, com pequenas variantes, nos três primeiros evangelhos. O modelo para o relato de Lucas é o de Marcos. Do ponto de vista literário, o relato é uma prolepse dos acontecimentos de Jerusalém: ". conversavam sobre a saída deste mundo que Jesus iria consumar em Jerusalém" (v. 31), isto é, a paixão, morte e ressurreição. Na montanha, lugar de encontro com Deus, Pedro, Tiago e João são admitidos na oração de Jesus e podem contemplar, na glória, Jesus juntamente com Moisés e Elias; ambos aparecem "revestidos de glória" (v. 31), o que sugere a promessa da ressurreição.
O que faz com que o rosto de Jesus seja transfigurado, na sua oração, é que ele mantém a sua face voltada para o Pai. É a comunhão com o Pai que transfigura e revela o mistério do Filho. A visão da glória de Jesus (cf. v. 32) faz com que Pedro tome a iniciativa de fazer a proposta de construir três tendas (cf. v. 33). Mas a sua sugestão cai no vazio, pois é Deus que os envolve na nuvem, ou seja, os faz participar da intimidade divina.
O medo que eles sentem corresponde à entrada na presença de Deus; eles sabem que ver Deus é morrer (Jz 6,23; 13,22; Ex 33,20). Na verdade, diz o evangelista, Pedro "nem sabia o que estava dizendo" (v. 33). O que Pedro não compreende é que a verdadeira tenda, o lugar da presença de Deus, é Jesus. Aos discípulos cabe, então, descer da montanha e acompanhar Jesus na sua subida para Jerusalém. O leitor do evangelho, prevenido pelo relato para não sucumbir ante o "escândalo" da paixão e morte de Jesus, é convidado a percorrer o mesmo caminho, encorajado pela antecipação da experiência pascal.
A voz que sai da nuvem e interpreta o acontecimento (v. 35) retoma a voz por ocasião do batismo (3,22; Is 42,1); a diferença que dessa vez a declaração do Pai se abre aos discípulos: Jesus é um profeta poderoso em gestos e palavras - trata-se de escutá-lo. A transfiguração não se oferece à visão, mas à fé que faz ver. Pedro, Tiago e João foram testemunhas oculares (Lc 1,1-4), mas "ficaram calados e, naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham visto" (v. 36).
Será preciso esperar a realização de tudo o que foi sugerido pelo relato para, então, eles poderem, impulsionados pelo Espírito do Ressuscitado, dar o seu testemunho, pois será impossível deixar de falar sobre o que viram e ouviram (cf. At 4,20).

TRANSFIGURAÇÃO



comentário do Evangelho Lc 9, 28-36           24.02.2013

Eu estava empolgadíssimo ouvindo o relato sobre um filme, assistido por um amigo meu, que voltou cheio de entusiasmo falando maravilhas do mesmo e narrando com precisão o início, quando toda a história começa a se desenvolver, mas, porém, ao chegar na parte principal, quando todo o mistério seria revelado, bastante sem graça ele confessou-me que só se lembrava do final porque, dominado pelo sono acabou dormindo no melhor da história, que raiva que me deu! Com Pedro, Tiago e João aconteceu à mesma coisa no alto daquele monte onde Jesus havia subido para rezar, como frisa o evangelista, e justamente na hora em que Moisés e Elias, personagens importantes do Antigo Testamento, conversavam com Jesus sobre o seu “Êxodo”, os discípulos nada viram e nem ouviram, simplesmente porque pegaram no sono.
Esse “dormir” teológico sempre aparece na Escritura Sagrada para mostrar como o homem é pequeno diante do grandioso mistério de Deus, no paraíso o homem dormia quando Deus tirou uma de suas costelas para fazer a mulher, no Horto da Oliveira à cena se repetirá, quando os discípulos dormem em um momento em que Jesus vive a sua angústia. Quando dormimos não sabemos nada do que se passa ao nosso redor, portanto, na vida de fé, dormir é não perceber a ação de Deus em nossa vida.
Ainda bem que eles tiveram bom censo e diferente do meu amigo, decidiram não contarem nada a ninguém sobre tudo o que tinha acontecido no alto da montanha – afirma o evangelho em seu final – e particularmente acho que fizeram muitíssimo bem porque se saíssem falando, não iriam dizer coisa com coisa, pois no fundo não haviam compreendido nada daquelas coisas que estavam acontecendo com o Mestre. Ao anunciarmos Jesus e falarmos do seu evangelho, devemos fazer com muita clareza e convicção, caso contrário corremos sempre o risco de ficarmos fantasiando o Cristo do evangelho.
Subir em uma montanha não é tarefa das mais fáceis, requer esforço, concentração e muita atenção, pois qualquer escorregão, além de poder ser fatal, a gente ainda perde todo o esforço do trabalho já feito. Jesus havia subido á montanha para rezar e nós também “subimos”, isso é, fazemos a nossa ascese quando nos entregamos à verdadeira oração, aquela onde Deus nos envolve na sua vida de comunhão, como aquela nuvem envolveu os discípulos, e revela-nos quem somos e qual a nossa missão.
Essa experiência nós a podemos fazer na oração pessoal, ou quando nos reunimos na comunidade, em torno da Palavra e da Eucaristia, onde celebramos a paixão, morte e ressurreição de Jesus, isso é, celebramos as dores e os fracassos, o amargor do cálice da derrota, mas também a glória da ressurreição, que marcou o seu êxodo, tema da conversa entre os dois personagens e Jesus.
Mas sempre há os cristãos-soneca, que também dormem o tempo todo, isso é, participam de todo este mistério sem compreendê-lo e vivenciá-lo em seu dia a dia e daí, como o apóstolo Pedro, acordam assustados, com a vontade de armarem as tendas do comodismo, fechando-se em seu grupo ou em sua comunidade, para fugir dos desafios que missão certamente lhes trará, são aqueles cristãos que só querem sombra e água fresca.
Para compreender todo o mistério, uma só coisa é necessária; ouvir com atenção as palavras de Jesus o Filho de Deus! “Escutai o que ele diz...”, dia a voz que sai do meio da nuvem, sigam pelo caminho que ele indicar, vivam do modo como ele viveu, ponham o evangelho no coração, e teremos enfim o Reino dentro de nós, irradiando muita vida e esperança, pois a transfiguração mostra-nos a glória na qual seremos envolvidos, porém, também lembra-nos que há todo um êxodo a ser percorrido, um caminho que não será dos mais fáceis, mas somente nele é que encontraremos as pegadas Daquele que venceu e foi glorificado pelo Pai.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A Fé não é algo aparente....


Comentários do Evangelho de Mc 5, 21-43




A devoção popular é algo até bonito de se ver e que precisa sempre ser respeitada pela Igreja, mas a vida de Fé não pode se resumir a uma devoção, é preciso fazer uma experiência mais profunda pois um ato de Fé não é apenas aquilo que aparenta ser.
Analisemos com cuidado esses dois casos do evangelho de hoje, Jairo é o chefe da sinagoga, um cargo importante na comunidade judaica onde Jesus não era muito bem visto, justamente por inspirar a todos uma nova forma de se relacionar com Deus. Mas Jairo o conhece e sabe quem ele é, embora a estrutura da sua religião o negue, passa por um momento difícil em sua vida, a filhinha muito jovem está nas últimas. Ele se prostra aos pés de Jesus e seu argumento é firme não dando margem para dúvidas, da fé que ele professava em Jesus, Jairo não pediu para Jesus estudar a possibilidade de ir á sua casa visitar a menina, mas falou como quem crê "Vem impõe-lhe as mãos, para que ela se salve e viva". A Fé não é uma possibilidade mais uma realização concreta.
Ele crê na Vida nova que provém de Jesus, ele sabe no fundo do seu coração, que somente Jesus pode dar essa vida e não tem vergonha de professar publicamente a sua Fé. Aqui parece que Marcos o evangelista, olhou para o outro lado e viu a mulher portadora de uma hemorragia da qual já tinha sido praticamente desenganada pelos médicos. Essa mulher, uma anônima no meio da multidão, nada diz mais apenas pensa em tocar na barra da túnica de Jesus, que já será suficiente para ser curada. Mas Jesus percebe o ocorrido e confirma diante de todos o que acabou de acontecer com ela "Vai em paz e sê curada do seu mal".
Voltemos a Jairo, onde está ele? Será que desanimou ao ver que Jesus dera atenção á mulher enferma? Claro que não mais, no meio do caminho alguns parentes que estavam na sua casa, vieram com a notícia final "Não adianta incomodar a Jesus, a menina morreu". Na vida de Fé também é assim, há pessoas que desistem fácil, qualquer coisa torna-se pretexto para desistir de tudo e abandonar a Fé em Jesus Cristo. Mas Jairo sabia que a Vida Nova que Jesus dava para as pessoas não tinha limites, nem a morte pode impedi-la de acontecer.
Muitas vezes queremos usar a nossa Fé para resolver coisas terrenas, uma Fé que coloca Jesus a nosso serviço, era assim que as pessoas da casa de Jairo viam Jesus, a parte que lhe cabia era curar doentes, mas em se tratando de morte, não havia mais o que fazer, a não ser cuidar do enterro. Tem muita gente, inclusive cristãos de comunidade, que pensa e age assim, não conseguem vislumbrar nada de novo em Jesus Cristo.
Na casa do chefe da sinagoga Jesus chegou e segurando a mão da menina que havia morrido, ordenou-lhe "Levanta-te!" e ela se levantou e começou a caminhar. O ressuscitado não é um cadáver ambulante que se movimenta mais ele caminha porque á frente ainda há algo a ser alcançado. Temos em nós esta Vida Nova que Deus nos concedeu em nosso Batismo, tocados pelo Senhor é preciso caminhar até que possamos vislumbrar a plenitude dessa Vida. A mulher enferma e o Jairo, chefe da sinagoga, acreditaram nisso...
Jesus não se furtava de mostrar-se misericordioso com cada pessoa que se aproximava dele. Não havia quem recorresse a ele e não fosse atendido. A única condição era ser movido pela fé.
A misericórdia de Jesus manifestava-se, fundamentalmente, em forma de restauração da vida. Por isso, ele se sensibilizou com o pedido pungente de um pai, cuja filhinha estava à beira da morte e que viria logo a falecer. Jesus foi salvá-la, exigindo do pai apenas manter viva sua fé. A multidão incrédula ridicularizava a afirmação de Jesus segundo a qual a menina não estava morta, mas apenas dormindo. Porém, a fé daquele pai não ficou sem resposta. A misericórdia de Jesus devolveu-lhe a filha sã e salva, como lhe havia sido pedido.
Na mesma circunstância, uma mulher penalizada por uma hemorragia de longa data também recorreu a Jesus, esperando ser curada. Ela, diferentemente do chefe da sinagoga, agia às escondidas, pensando ser agraciada por Jesus, com o dom da cura, sem que ele percebesse. Entretanto, Jesus não se deixou pegar de surpresa. E a mulher, já curada, foi obrigada a sair do anonimato. Jesus não deixou passar em silêncio aquele gesto de profunda fé. Ele mesmo declarou ter sido a fé quem levou aquela mulher a experimentar um pouco de sua misericórdia. A fé a conduziu à fonte da vida que jorrava de Jesus.
A procura de Jesus, por parte de sua mãe e irmãos, à primeira vista parece ter sido inconveniente e inútil. Inconveniente, por ter acontecido numa hora em que o Mestre estava rodeado por muita gente. Afastar-se, naquele momento, significava interromper o ensinamento dirigido ao povo. Inútil, por que, para ele, os laços de sangue tinham pouca importância. Logo, não havia motivo para dar-lhes um tratamento especial.
Entretanto, as coisas não foram bem assim. A chegada da mãe e dos irmãos de Jesus serviu-lhe de motivo para dar um ensinamento de extrema importância: o relacionamento entre os discípulos do Reino teria como ponto de referência a prática da vontade do Pai. Esta seria a maneira pela qual deveria articular-se o novo povo de Deus, para além de parentescos sangüíneos ou da pertença a este ou aquele povo. Doravante, a submissão à vontade do Pai, explicitada nas palavras do Filho, seria a forma de vincular-se ao Reino.
É incorreto interpretar as palavras de Jesus como uma forma de desprezo aos seus familiares. Se assim fosse, estaria indo na contramão da mais elementar piedade bíblica, a qual incluía o respeito aos genitores como algo quase sagrado, e da cultura judaica, fortemente alicerçada nas relações familiares.
Portanto, a procura de sua mãe e de seus irmãos foi de grande utilidade para Jesus, pois motivou-o a ensinar que os laços sangüíneos devem estar submetidos a algo muito mais radical e abrangente: a fidelidade a Deus.


No olho do Furacão...



Comentários do Evangelho de Mc 5,1-20



Jesus não é um mestre acomodado no sucesso, bem que poderia fazê-lo, ficar na sinagoga dando um "show de bola" aos seus ouvintes, realizando curas prodigiosas que só contribuiriam para aumentar ainda mais o seu já famoso Ibope. Tem muito cristão querendo ser famoso na comunidade, mas fora dela, em ambientes hostis ao evangelho, poucos tem coragem de meter a cara. Jesus vai com seus discípulos para uma área chamada Decápole formada por dez cidades onde impera o paganismo e onde as Forças do Mal "deita e rola".
Ao seu encontro vem um homem possesso de um espírito imundo, que vive em um cemitério (Deus me livre, que lugar para se morar) mas o evangelista não está mostrando o cenário de um filme de terror ou do exorcista, ao contrário, quer nos mostrar o quadro de morte presente naquela região e no mundo de hoje: Tráfico de drogas, corrupção, pessoas que deveriam estar do lado do bem, mas que passam para o lado do mal, enganadores e mentirosos, fraudadores, destruição de instituições sagradas como a Família...Parece que estamos todos em um grande cemitério cercado de mortos por todos os lados.... Pois bem, os que manipulam essa situação calamitosa, os que contribuem direta ou indiretamente para manter esse quadro tenebroso de morte e pânico por todos os lados, têm suas vantagens e não querem que nada mude.
O traficante não quer que o jovem se liberte das drogas, os policiais e autoridades corruptas que se beneficiam desse tráfico danoso e imoral, também não querem. Os políticos corruptos presentes em Brasília e em todos os estados e municípios não querem mudança na legislação. Os que vivem da prostituição de crianças, menores, mulheres, estão bem assim, se mexer no quadro para valorizar e libertar todas essas pessoas, vai causar um "Prejú" no Caixa dois. E assim vai com o cigarro, maconha, craque, heroína, bebida alcoólica  a quem não interessa acabar com tudo isso? Os que faturam e que são muitos.....Interessante que muitos desses ainda querem sair bem na "fita", em um sistema marcado pela hipocrisia....
Representando todos esses possessos do "Mal", presente em nossa sociedade, o homem vem correndo até Jesus e prostrando-se diante dele implora que não o atormente. Não me venha com mudanças na ética e na moral, nos valores, não me venha falar em Justiça social, respeito a dignidade da Vida humana, partilha e solidariedade, ética na política, na medicina, na educação. Novas oportunidades para quem errou, mudanças no sistema carcerário.... Mas Jesus não se deixa engambelar por "choramingos" ideológicos, dos que insistem em sustentar essa situação, "Espírito Imundo, sai desse homem!". Não adianta o mal disfarçar-se de bem, pode maquiar-se do jeito que quiser, o Bem supremo que é Jesus Cristo desmascara o Mal. O Mal é impuro e por isso o seu lugar é na manada de porcos, que se precipita de um lugar alto ao fundo do mar.
O coração humano não é lugar de impurezas, nele o mal não pode ter vez e nem domínio. E o possesso, agora livre começa a propagar a ação libertadora de Jesus, mas longe de acolhê-lo, o povo cativo do Mal, certamente liderado para aqueles que não querem mudanças, pedem para que Jesus se vá. Hoje não é diferente, a Consumismo criou um Jesus doce, bonzinho, acomodado e conformado com o mal, em uma religião que longe de libertar aprisiona cada vez mais o ser humano... .