quinta-feira, 24 de maio de 2012

AS COISAS DO SENHOR E O SENHOR DAS COISAS…






Jesus e os seus discípulos detiveram-se em casa desses amigos de Betânia antes de irem a Jerusalém. As duas irmãs começaram a preparar todas as coisas necessárias para hospedá-los. Mas Maria, talvez poucos minutos depois da chegada do Mestre, sentou-se aos Seus pés e ouvia a Sua palavra, enquanto Marta cuidava sozinha do trabalho da casa. Maria despreocupou-se das inúmeras tarefas que ainda restavam por fazer e entregou-se completamente às palavras do Mestre. “A familiaridade com que se instalou aos Seus pés (...), a fome de ouvir as Suas palavras, demonstram que este não era o primeiro encontro, mas que existia uma verdadeira intimidade”.
Marta não se mostra, com certeza, indiferente às palavras de Jesus; ela também as escuta, mas está mais ocupada nas tarefas domésticas. Sem perceber, deixou Jesus passar para um segundo plano: está absorvida nas coisas que tem de preparar para atendê-Lo bem. E inquieta-se ao sentir-se sozinha, a braços com mais trabalho talvez do que aquele que podia realizar. Contempla então a sua irmã aos pés de Jesus e, presa de um certo desassossego, mas com grande confiança, posta-se diante de Jesus – como nota São Lucas – e diz-lhe: “Senhor, não se te dá que minha irmã me tenha deixado só com o serviço da casa? Dize-lhe, pois, que me ajude”. Que grande confiança tem com o Mestre!: “Dize-lhe que me ajude”...
Jesus responde-lhe no mesmo tom familiar, como parece indicar a própria repetição do nome: “Marta, Marta” – diz-lhe – “tu te afadigas e andas inquieta com muitas coisas. No entanto, uma só coisa é necessária”. Maria, que deveria sem dúvida prestar ajuda à sua irmã, não esqueceu, contudo, o essencial, aquilo que é verdadeiramente necessário: ter Jesus como centro das atenções. O Senhor não louva toda a sua atitude, mas o principal: o seu amor.

Nem sequer as coisas que se referem ao Senhor devem fazer-nos esquecer o Senhor das coisas. Marta nunca esqueceria a amável censura do Senhor. Se o seu trabalho era importante, mais importante ainda era estar com o Senhor.
Nem sequer nas tarefas que se referem diretamente a Deus devemos esquecer que o principal, a única coisa necessária, é a sua Pessoa. E na nossa vida ordinária devemos ter presente que os assuntos que parecem primordiais, como o trabalho, também não podem antepor-se à família e muito menos a Deus.
De pouco serviriam os nossos progressos – econômicos, sociais... – se a própria vida familiar viesse a deteriorar-se por ficar em segundo plano. Se um pai ou mãe de família ganha mais dinheiro, mas descuida o relacionamento com os filhos, de que adianta? Por maioria de razão, se os nossos deveres profissionais nos levam a esquecer as nossas orações habituais – uma breve leitura do Evangelho e outras práticas de piedade, que se intercalam com facilidade no meio das ocupações mais absorventes –, que sentido têm para um cristão?

Santa Marta, que goza para sempre no Céu da presença inefável de Cristo, alcançar-nos-á a graça de valorizarmos mais a amizade com o Mestre; ensinar-nos-á a cuidar com diligência das coisas do Senhor, sem esquecer o Senhor das coisas.

Falar com Deus
 Deus te abençoe!
Pe. Luiz Gilderlane.

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