quinta-feira, 7 de junho de 2012

DIRETRIZES GERAIS DA AÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA NO BRASIL 2011 – 2015



Jesus Cristo, “Caminho, Verdade e Vida” (Jo 14, 6)
  Estas Diretrizes expressam, através das CINCO URGÊNCIAS, uma resposta às  transformações radicais do nosso tempo em processo de  MUDANÇA DE ÉPOCA. ELAS ASSUMEM com a Conferência de Aparecida (2007) O ESPÍRITO do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965) . Elas são um forte apelo à EFETIVA UNIDADE NA DIVERSIDADE.  Assim, a Igreja no Brasil tornar-se-á imagem do Deus-Trindade – COMUNHÃO DOS TRÊS DIFERENTES - quando Cristo será tudo em todos no amor (1 Cor 15,28).
  OBJETIVO GERAL
  Evangelizar, A PARTIR DE JESUS CRISTO e na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e profética, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia,à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida (cf. Jo 10,10),Rumo ao REINO DEFINITIVO.
  I - PARTIR DE JESUS CRISTO
  Toda a ação da IGREJA BROTA DE JESUS CRISTO e se volta para Ele e seu Reino. Nele, com Ele e a partir d’Ele mergulhamos no mistério da TRINDADE, construindo nossa vida pessoal e comunitária. Nosso discipulado-missionário é contemplar Jesus Cristo atuante em meio à realidade, compreender a realidade à sua luz e com ela nos relacionar no desejo de que nosso olhar, ser e agir sejam reflexos do seguimento ao Senhor Jesus. É preciso parar e nos colocar diante de Jesus Cristo antes de executar planejamentos pastorais.  O ENCONTRO COM JESUS CRISTO é o acolhimento da graça do Pai que atua no coração da gente, possibilitando nossa resposta.
  II – MARCAS DO NOSSO TEMPO
  Assim como o Filho de Deus assumiu a condição humana, exceto o pecado, pelo mistério da encarnação, enculturando-se em determinado povo e realidade histórica, o discípulo missionário anuncia os valores do Evangelho do Reino na sua situação, à luz da Pessoa, da Vida e Palavra de Jesus Cristo, o Irmão Salvador.
VIVEMOS UMA MUDANÇA DE ÉPOCA
  A Conferência de Aparecida (2007) atesta que vivemos um tempo de transformações radicais, que afetam a realidade global, atingindo os critérios de compreensão e julgamento da vida. Não vivemos uma “ÉPOCA DE MUDANÇAS, MAS UMA MUDANÇA DE ÉPOCA”.
  As mudanças de época atingem os próprios critérios de compreensão e avaliação da vida, inclusive a própria maneira de entender Deus. Em conseqüência, as mudanças globais exigem NOVOS CAMINHOS para a ação evangelizadora. A Conferência de Aparecida nos convoca a ultrapassar uma pastoral de conservação para assumir uma pastoral missionária de CONVERSÃO PASTORAL como caminho para a ação evangelizadora.
  DUAS MUDANÇAS se destacam:
    * O relativismo quem oscila entre inúmeras possibilidades por falta de raízes profundas.
    * Os fundamentalismos arraigados a aspectos absolutizados de pontos de vista destacados do contexto plural da realidade.
  Estas atitudes se desdobram no laicismo com posturas contra ante-Igreja e a verdade do Evangelho, na irracionalidade da  cultura midiática, no amoralismo  e num projeto elitista de nação.
  Por isso, a função do Estado para a redescoberta de valores éticos, para a superação da injustiça social, da corrupção, da violência, do narcotráfico precisa ser repensada, pois a  cidadania está comprometida.
  III – URGÊNCIAS  NA EVANGELIZAÇÃO
  IGREJA EM ESTADO PERMANENTE DE MISSÃO
  A Igreja nunca deixou de ser missionária, mas  em cada tempo e lugar, esta missão assume caminhos diversos.   Quem se apaixona por Jesus Cristo, o Missionário de Deus Pai, deve TRANSBORDÁ-LO no testemunho e no anúncio de sua pessoa e mensagem. Pelo testemunho pessoal, base para o explícito anúncio, CADA PESSOA BATIZADA é responsável pela missão. Surge, então, a urgência de se PENSAR ESTRUTURAS PASTORAIS que favoreçam a atuação missionária dos batizados. A consciência missionária “deve IMPREGNAR todas as estruturas eclesiais e todos os planos pastorais”, a ponto de DEIXAR PARA TRÁS práticas, costumes e estruturas que já não favoreçam a transmissão da fé.
  IGREJA CASA DA INICIAÇÃO Á VIDA CRISTÃ
  Em outras épocas, a apresentação de Jesus Cristo se dava através de imersão ou mergulho em um mundo que se dizia  cristão. Cada tempo e lugar têm um modo próprio de apresentar Jesus e suscitar nos corações o seguimento dele como discípulo, que renuncia a si e toma com ele sua cruz.
  A INICIAÇÃO Á VIDA CRISTÃ é o grande desafio de hoje, o qual questiona a fundo a maneira como estamos educando na fé e como estamos alimentando a experiência cristã. Trata-se de “desenvolver, em nossas comunidades, um processo de iniciação à vida cristã que conduza a um ENCONTRO PESSOAL com Jesus Cristo”, mediante a conversão, a comunhão e o compromisso. É urgente ajudar as pessoas a conhecer Jesus Cristo, FASCINAR-SE por Ele e optar por segui-lo.
  A CATEQUESE DE INSPIRAÇÃO CATECUMENAL é o processo de iniciação cristã. A inspiração bíblica, celebrativa e pastoral é condição para a iniciação cristã de crianças, de adolescentes, jovens e adultos. É necessário um processo de iniciação na vida cristã que conduza ao cultivo da amizade com Jesus Cristo pela oração, na escuta da sua Palavra.
  O RITO DE INICIAÇÃO CRISTÃ DE ADULTOS (RICA) frisa que “deve prolongar-se mesmo por vários anos para que a conversão e a fé possam amadurecer” em comunhão e compromisso. Os frutos do CATECUMENATO são proporcionais à sua duração.
  O contexto do pluralismo e do subjetivismo implica em GRANDE ATENÇÃO ÀS PESSOAS no desencadear  do processo de iniciação à vida cristã. A pedagogia evangélica consiste na persuasão do interlocutor pelo testemunho de vida e por uma argumentação sincera e rigorosa.
   A COMUNIDADE ECLESIAL é o lugar de educação na fé para as crianças, adolescentes e jovens batizados, articulando fé e vida.
  A IGREJA LIUGAR DE ANIMAÇÃO BÍBLICA DA VIDA E DA PASTORAL
  A posse da Bíblia é para a gente, através dela, “chegar à interpretação adequada dos textos bíblicos e empregá-los como mediação de diálogo com Jesus Cristo”. O encontro com a PALAVRA VIVA exige a experiência de fé, incrementando a animação bíblica de toda a pastoral.
  CÍRCULOS BÍBLICOS, GRUPOS DE FAMÍLIAS E PEQUENAS COMUNIDADES se sobressaem na animação bíblica da pastoral. CURSOS E ESCOLAS BÍBLICAS merecem destaque. O ESPAÇO DOS NOVOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, ESPECIALMENTE A INTERNET PRECISA SER BEM UTILIZADO.
  A LEITURA ORANTE DA SAGRADA ESCRITURA – a Lectio Divina – com leitura, meditação, oração e contemplação/ação - é forma privilegiada de aproximação pessoal e comunitária da Sagrada Escritura.
  IGREJA COMUNHÃO DE COMUNIDADES
   Sem vida em comunidade, não há como viver a proposta cristã - o Reino de Deus. A comunidade acolhe, forma e transforma, celebra,  sustenta envia em missão. Em nossos dias, além das comunidades estabelecidas, deparamo-nos com comunidades transterritoriais, ambientais e afetivas e o rápido crescimento das comunidades virtuais, tão presentes na cultura juvenil.
  Nenhuma concretização comunitária possui o monopólio da ação do Espírito. A comunidade eclesial deve abrir-se para acolher dinamicamente os vários carismas, serviços e ministérios. Mas, na busca de vida comunitária, as COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE - AS CEBS, alimentadas pela Palavra, Eucaristia e Serviço fraterno, em oração, são sinal de vitalidade e de presença de IGREJA junto aos mais simples, partilhando a vida e se comprometendo com uma sociedade justa e solidária.
  As CEBs, forma privilegiada de vivência comunitária da fé, têm sido escolas que formam cristãos comprometidos, resgatando a experiência das primeiras comunidades dos Atos dos Apóstolos, afirma Aparecida. “Célula inicial de estruturação eclesial e foco de fé e evangelização”, afirmou Medellín(1968). Elas permitem uma  vivência da Palavra de Deus e levam ao compromisso social em nome do Evangelho, ao surgimento de novos serviços de leigos/as, e são expressão visível da opção preferencial pelos pobres.
  O caminho para que a Paróquia se torne uma comunhão de comunidades é o respeito mútuo, a interação e a sensibilidade para o momento histórico. A Igreja no Brasil se compromete em acelerar o processo de animação e fortalecimento de efetivas comunidades interagindo nas Paróquias para sua renovação.
  A ”setorização” ou divisão em setores - unidades territoriais menores, -  com equipes de animação e de coordenação, é uma URGÊNCIA para renovação da Paróquia. Grande é o desafio da educação para a vivência da unidade na diversidade, fundada no princípio de que todos são irmãos e iguais em dignidade, para que a fraternidade e a união sejam assumidas em todas as instâncias da vida. Assim é que a paróquia se torna, cada vez mais, COMUNIDADE DE COMUNIDADES VIVAS E DINÂMICAS de discípulos missionários de Jesus Cristo.
  A IGREJA A SERVIÇO DA VIDA PLENA PARA TODOS
  Ao longo de uma história de solidariedade e compromisso com as vítimas das  formas de destruição da vida,  a Igreja se reconhece servidora do Deus da Vida, pois o discípulo do Cristo vencedor da morte está a serviço da vida plena. Por isso, o discípulo missionário não se cala diante da vida impedida de nascer seja por decisão individual, seja pela legalização e descriminalização do aborto. Não se cala igualmente diante da vida sem alimentação, casa, terra, trabalho, educação, saúde, lazer, liberdade, esperança e fé. Daí a Igreja “ratificar e potencializar a opção preferencial pelos pobres”, que deverá “atravessar todas as suas estruturas e prioridades pastorais”.
  A totalidade da opção pelos pobres implica convívio, relacionamento fraterno, atenção, escuta,  acompanhamento nas dificuldades, buscando a mudança de sua situação, a partir dos próprios pobres. Neste sentido a Igreja reconhece a importância da ATUAÇÃO DOS CRISTÃOS LEIGOS NO MUNDO DA POLÍTICA e os incentiva à participação consciente e efetiva na construção de um mundo justo, fraterno e solidário “EU VIM PARA QUE TODOS TENHAM VIDA E A TENHAM EM ABUNDÂNCIA” - eis a síntese da missão de Jesus e da sua Igreja. “A Pastoral Social estruturada, orgânica e integral”, defende, cuida e promove a vida, em meio a uma cultura de morte e a formas de exclusão.
  IV - PERSPECTIVAS DE AÇÃO PASTORAL
  De nosso olhar sobre as MARCAS DE NOSSO TEMPO (Cap. II), confrontado com as URGÊNCIAS NA AÇÃO EVANGELIZADORA (Cap. III), A PARTIR DE JESUS CRISTO (Cap. I) derivam numerosos e complexos DESAFIOS PASTORAIS. A proposta de algumas perspectivas de ação quer contribuir com uma Igreja “comunhão e participação”. Mas, a própria comunidade cristã precisa ser, ela mesma, anúncio, pois o mensageiro é Mensagem.Vendo a comunidade cristã reunida no amor e na oração, as pessoas exclamarão, como fala Paulo aos Coríntios: “Verdadeiramente, Deus está entre vós!”.
  ENTRE OS GRUPOS HUMANOS OU CATEGORIAS SOCIAIS QUE MERECEM ATENÇÃO ESPECIAL destacamos: os jovens; as pessoas da periferia das cidades, os intelectuais, artistas, políticos, formadores de opinião, trabalhadores com mobilidade, nômades, os povos indígenas e os afro-brasileiros...
  A PASTORAL ORGÂNICA, que é a articulação das ações evangelizadoras, evita a competição entre grupos. O PLANEJAMENTO, com a participação dos membros da comunidade eclesial na projeção da ação, é seu instrumento privilegiado no processo de discernimento e na tomada de decisão.
  A FAMÍLIA, patrimônio da humanidade, lugar e escola de comunhão, no seio da qual, os pais são os primeiros catequistas, deve receber um olhar especial. Ela é “um dos eixos transversais de toda a ação evangelizadora” e respaldada por uma pastoral familiar vigorosa e frutuosa.
  As CRIANÇAS, ADOLESCENTES E JOVENS precisam de maior atenção por parte de nossas comunidades eclesiais porque são os mais expostos ao drama do abandono e ao perigo das drogas, da violência, da venda de armas, ao abuso sexual,  à falta de oportunidades e perspectivas de futuro.
  A PASTORAL DA JUVENTUDE (PJ) é urgente tanto quanto a infanto-juvenil  consistente e efetiva em nossas Igrejas.   
  NO SERVIÇO À VIDA, devemos acompanhar as alegrias e preocupações dos trabalhadores/as na luta contra o desemprego e o subemprego, criando ou apoiando alternativas de geração de renda, a economia solidária, a agricultura familiar, a agro-ecologia, o consumo solidário, a segurança alimentar, as redes de trocas, o acesso a crédito popular, o trabalho coletivo e a busca do desenvolvimento local sustentável e solidário.
  A PRESERVAÇÃO DA NATUREZA E O CUIDADO COM A ECOLOGIA HUMANA, através do respeito à biodiversidade, destacando a preservação da água - - do solo e do ar, evitando sua PRIVATIZAÇÃO exige educação. O crescimento econômico deve ser orientado para o desenvolvimento sustentável e distribuição de renda.
  A PARTICIPAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA DOS CRISTÃOS LEIGOS/AS deve ser incentivada e promovida com formação permanente. A participação ativa e consciente nos CONSELHOS DE DIREITOS deve ser promovida.
  A FORMAÇÃO DE PENSADORES E PESSOAS QUE ESTEJAM EM NÍVEIS DE DECISÃO é a grande tarefa de  evangelizar os “NOVOS AREÓPAGOS”: o mundo universitário, o mundo da comunicação, o mundo dos empresários, dos políticos, dos formadores de opinião, o mundo dos trabalhadores, dos dirigentes sindicais e comunitários.
  A PASTORAL DA CULTURA deve ser incentivada, através de Centros Culturais católicos e de projetos culturais. DESAFIO  grande é aproximar  fé e  razão, com a aplicação da Doutrina Social da Igreja, num contexto cultural impregnado de ceticismo e  de irracionalidade, também midiática.
  V – INDICAÇÕES   DE   OPERACIONALIZAÇÃO
  UM EFETIVO PROCESSO DE PLANEJAMENTO exige ao menos sete passos assumidos em comunhão e participação para causar impacto na realidade:
  Primeiro passo: ONDE ESTAMOS
  Segundo passo: ONDE PRECISAMOS ESTAR
  Terceiro passo: NOSSAS URGÊNCIAS
  Quarto passo: AONDE  QUEREMOS CHEGAR
  Quinto passo: COMO VAMOS AGIR
  Sexto passo: O QUE VAMOS FAZER
  Sétimo passo: RENOVAR AS ESTRUTURAS
  COMPROMISSO DE UNIDADE NA MISSÃO é um forte apelo à EFETIVA UNIDADE NA DIVERSIDADE.  Assim, a Igreja no Brasil tornar-se-á imagem do Deus-Trindade – COMUNHÃO DOS TRÊS DIFERENTES - quando Cristo será tudo em todos no amor (1 Cor 15,28). 

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