Jesus Cristo, “Caminho, Verdade e Vida” (Jo 14, 6)
Estas
Diretrizes expressam, através das CINCO URGÊNCIAS, uma resposta às transformações radicais do nosso tempo em
processo de MUDANÇA DE ÉPOCA. ELAS
ASSUMEM com a Conferência de Aparecida (2007) O ESPÍRITO do Concílio Ecumênico
Vaticano II (1962-1965) . Elas são um forte apelo à EFETIVA UNIDADE NA DIVERSIDADE. Assim, a Igreja no Brasil tornar-se-á imagem
do Deus-Trindade – COMUNHÃO DOS TRÊS DIFERENTES - quando Cristo será tudo em
todos no amor (1 Cor 15,28).
OBJETIVO
GERAL
Evangelizar, A
PARTIR DE JESUS CRISTO e na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e profética,
alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia,à luz da evangélica opção preferencial pelos
pobres, para que todos tenham vida (cf. Jo 10,10),Rumo ao REINO DEFINITIVO.
I - PARTIR DE JESUS CRISTO
Toda a ação
da IGREJA BROTA DE JESUS CRISTO e se volta para Ele e seu Reino. Nele, com Ele
e a partir d’Ele mergulhamos no mistério da TRINDADE, construindo nossa vida
pessoal e comunitária. Nosso discipulado-missionário é contemplar Jesus Cristo
atuante em meio à realidade, compreender a realidade à sua luz e com ela nos
relacionar no desejo de que nosso olhar, ser e agir sejam reflexos do
seguimento ao Senhor Jesus. É preciso parar e nos colocar diante de Jesus
Cristo antes de executar planejamentos pastorais. O ENCONTRO COM JESUS CRISTO é o acolhimento da
graça do Pai que atua no coração da gente, possibilitando nossa resposta.
II – MARCAS DO NOSSO TEMPO
Assim como
o Filho de Deus assumiu a condição humana, exceto o pecado, pelo mistério da
encarnação, enculturando-se em determinado povo e realidade histórica, o
discípulo missionário anuncia os valores do Evangelho do Reino na sua situação,
à luz da Pessoa, da Vida e Palavra de Jesus Cristo, o Irmão Salvador.
VIVEMOS UMA MUDANÇA DE ÉPOCA
A
Conferência de Aparecida (2007) atesta que vivemos um tempo de transformações
radicais, que afetam a realidade global, atingindo os critérios de compreensão
e julgamento da vida. Não vivemos uma “ÉPOCA DE MUDANÇAS, MAS UMA MUDANÇA DE
ÉPOCA”.
As mudanças
de época atingem os próprios critérios de compreensão e avaliação da vida,
inclusive a própria maneira de entender Deus. Em conseqüência, as mudanças
globais exigem NOVOS CAMINHOS para a
ação evangelizadora. A Conferência de Aparecida nos convoca a ultrapassar uma
pastoral de conservação para assumir uma pastoral
missionária de CONVERSÃO PASTORAL como
caminho para a ação evangelizadora.
DUAS
MUDANÇAS se destacam:
* O relativismo quem oscila entre inúmeras
possibilidades por falta de raízes profundas.
* Os fundamentalismos arraigados
a aspectos absolutizados de pontos de vista destacados do contexto plural da
realidade.
Estas
atitudes se desdobram no laicismo com
posturas contra ante-Igreja e a verdade do Evangelho, na irracionalidade da cultura
midiática, no amoralismo e num projeto
elitista de nação.
Por isso, a
função do Estado para a redescoberta
de valores éticos, para a superação da
injustiça social, da corrupção, da violência, do narcotráfico precisa ser repensada, pois a cidadania está comprometida.
III – URGÊNCIAS NA EVANGELIZAÇÃO
IGREJA EM ESTADO PERMANENTE DE MISSÃO
A Igreja
nunca deixou de ser missionária, mas em
cada tempo e lugar, esta missão assume caminhos diversos. Quem se apaixona por Jesus Cristo, o
Missionário de Deus Pai, deve TRANSBORDÁ-LO no testemunho e no anúncio de sua
pessoa e mensagem. Pelo testemunho pessoal, base para o explícito anúncio, CADA
PESSOA BATIZADA é responsável pela missão. Surge,
então, a urgência de se PENSAR ESTRUTURAS PASTORAIS que favoreçam a atuação
missionária dos batizados. A consciência missionária “deve IMPREGNAR todas as estruturas eclesiais e todos os planos
pastorais”, a ponto de DEIXAR PARA TRÁS práticas, costumes e estruturas que
já não favoreçam a transmissão da fé.
IGREJA CASA DA INICIAÇÃO Á VIDA
CRISTÃ
Em outras
épocas, a apresentação de Jesus Cristo se dava através de imersão ou mergulho
em um mundo que se dizia cristão. Cada
tempo e lugar têm um modo próprio de apresentar Jesus e suscitar nos corações o
seguimento dele como discípulo, que renuncia a si e toma com ele sua cruz.
A INICIAÇÃO
Á VIDA CRISTÃ é o grande desafio de hoje, o qual questiona a fundo a maneira
como estamos educando na fé e como estamos alimentando a experiência cristã.
Trata-se de “desenvolver, em nossas
comunidades, um processo de iniciação à vida cristã que conduza a um ENCONTRO
PESSOAL com Jesus Cristo”, mediante a conversão, a comunhão e o
compromisso. É urgente ajudar as pessoas a conhecer Jesus Cristo,
FASCINAR-SE por Ele e optar por segui-lo.
A CATEQUESE
DE INSPIRAÇÃO CATECUMENAL é o processo de iniciação cristã. A inspiração bíblica,
celebrativa e pastoral é condição para a iniciação cristã de crianças, de
adolescentes, jovens e adultos. É necessário um processo de iniciação na
vida cristã que conduza ao cultivo da amizade com Jesus Cristo pela oração,
na escuta da sua Palavra.
O RITO DE
INICIAÇÃO CRISTÃ DE ADULTOS (RICA) frisa que “deve prolongar-se mesmo por vários anos para que a conversão e a fé possam amadurecer”
em comunhão e compromisso. Os frutos do CATECUMENATO são
proporcionais à sua duração.
O contexto
do pluralismo e do subjetivismo implica em GRANDE
ATENÇÃO ÀS PESSOAS no desencadear
do processo de iniciação à vida cristã. A pedagogia evangélica
consiste na persuasão do interlocutor pelo testemunho de vida e por uma
argumentação sincera e rigorosa.
A COMUNIDADE ECLESIAL é o lugar de
educação na fé para as crianças, adolescentes e jovens batizados, articulando fé e vida.
A IGREJA
LIUGAR DE ANIMAÇÃO BÍBLICA DA VIDA E DA PASTORAL
A posse da
Bíblia é para a gente, através dela, “chegar
à interpretação adequada dos textos bíblicos e empregá-los como mediação de
diálogo com Jesus Cristo”. O encontro com a PALAVRA VIVA exige a
experiência de fé, incrementando a animação bíblica de toda a pastoral.
CÍRCULOS
BÍBLICOS, GRUPOS DE FAMÍLIAS E PEQUENAS COMUNIDADES se
sobressaem na animação bíblica da pastoral. CURSOS E ESCOLAS BÍBLICAS
merecem destaque. O ESPAÇO DOS NOVOS
MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, ESPECIALMENTE A INTERNET PRECISA SER BEM
UTILIZADO.
A LEITURA
ORANTE DA SAGRADA ESCRITURA – a Lectio Divina – com leitura, meditação, oração
e contemplação/ação - é forma privilegiada de aproximação pessoal e comunitária
da Sagrada Escritura.
IGREJA COMUNHÃO DE COMUNIDADES
Sem vida em comunidade, não há como viver a
proposta cristã - o Reino de Deus. A comunidade acolhe, forma e transforma,
celebra, sustenta envia em missão. Em
nossos dias, além das comunidades estabelecidas, deparamo-nos com comunidades transterritoriais,
ambientais e afetivas e o rápido crescimento das comunidades virtuais,
tão presentes na cultura juvenil.
Nenhuma
concretização comunitária possui o monopólio da ação do Espírito. A comunidade
eclesial deve abrir-se para acolher dinamicamente os vários carismas, serviços
e ministérios. Mas, na busca de vida comunitária, as COMUNIDADES ECLESIAIS DE
BASE - AS CEBS, alimentadas pela Palavra, Eucaristia e Serviço fraterno,
em oração, são sinal de vitalidade e de presença de IGREJA junto aos mais
simples, partilhando a vida e se comprometendo com uma sociedade justa e
solidária.
As CEBs, forma
privilegiada de vivência comunitária da fé, têm sido escolas que formam
cristãos comprometidos, resgatando a experiência das primeiras comunidades dos
Atos dos Apóstolos, afirma Aparecida. “Célula inicial de estruturação
eclesial e foco de fé e evangelização”, afirmou Medellín(1968). Elas
permitem uma vivência da Palavra de Deus
e levam ao compromisso social em nome do Evangelho, ao surgimento de novos
serviços de leigos/as, e são expressão visível da opção preferencial pelos
pobres.
O caminho
para que a Paróquia se torne uma comunhão de comunidades é o respeito mútuo,
a interação e a sensibilidade para o momento histórico. A Igreja no Brasil se
compromete em acelerar o processo de animação e fortalecimento de
efetivas comunidades interagindo nas Paróquias para sua renovação.
A ”setorização”
ou divisão em setores - unidades territoriais menores, - com equipes de animação e de coordenação, é
uma URGÊNCIA para renovação da Paróquia. Grande é o desafio da educação para
a vivência da unidade na diversidade, fundada no princípio de que todos são
irmãos e iguais em dignidade, para que a fraternidade e a união sejam assumidas
em todas as instâncias da vida. Assim é que a paróquia se torna, cada vez mais,
COMUNIDADE DE COMUNIDADES VIVAS E DINÂMICAS de discípulos missionários
de Jesus Cristo.
A IGREJA A SERVIÇO DA VIDA PLENA PARA
TODOS
Ao longo de
uma história de solidariedade e compromisso com as vítimas das formas de destruição da vida, a Igreja se reconhece servidora do Deus da
Vida, pois o discípulo do Cristo vencedor da morte está a serviço da vida
plena. Por isso, o discípulo missionário não se cala diante da vida impedida de
nascer seja por decisão individual, seja pela legalização e descriminalização
do aborto. Não se cala igualmente diante da vida sem alimentação, casa, terra,
trabalho, educação, saúde, lazer, liberdade, esperança e fé. Daí a Igreja
“ratificar e potencializar a opção preferencial pelos pobres”, que deverá
“atravessar todas as suas estruturas e prioridades pastorais”.
A
totalidade da opção pelos pobres implica convívio, relacionamento fraterno,
atenção, escuta, acompanhamento nas
dificuldades, buscando a mudança de sua situação, a partir dos próprios pobres. Neste sentido a Igreja reconhece a
importância da ATUAÇÃO DOS CRISTÃOS LEIGOS NO MUNDO DA POLÍTICA e os incentiva
à participação consciente e efetiva na construção de um mundo justo, fraterno e
solidário “EU VIM PARA QUE TODOS TENHAM VIDA E A TENHAM EM ABUNDÂNCIA” - eis a
síntese da missão de Jesus e da sua Igreja. “A Pastoral Social estruturada,
orgânica e integral”, defende, cuida e promove a vida, em meio a uma cultura de
morte e a formas de exclusão.
IV - PERSPECTIVAS
DE AÇÃO PASTORAL
De nosso
olhar sobre as MARCAS DE NOSSO TEMPO (Cap. II), confrontado com as URGÊNCIAS NA
AÇÃO EVANGELIZADORA (Cap. III), A PARTIR DE JESUS CRISTO (Cap. I) derivam
numerosos e complexos DESAFIOS PASTORAIS. A proposta de algumas perspectivas de
ação quer contribuir com uma Igreja “comunhão e participação”. Mas, a própria
comunidade cristã precisa ser, ela mesma, anúncio, pois o mensageiro é
Mensagem.Vendo a comunidade cristã reunida no amor e na oração, as pessoas
exclamarão, como fala Paulo aos Coríntios: “Verdadeiramente, Deus está entre
vós!”.
ENTRE OS
GRUPOS HUMANOS OU CATEGORIAS SOCIAIS QUE MERECEM ATENÇÃO ESPECIAL destacamos:
os jovens; as pessoas da periferia das cidades, os intelectuais, artistas,
políticos, formadores de opinião, trabalhadores com mobilidade, nômades, os
povos indígenas e os afro-brasileiros...
A PASTORAL
ORGÂNICA, que é a articulação das ações evangelizadoras, evita a competição
entre grupos. O PLANEJAMENTO, com a participação dos membros da comunidade
eclesial na projeção da ação, é seu instrumento privilegiado no processo de discernimento
e na tomada de decisão.
A FAMÍLIA,
patrimônio da humanidade, lugar e escola de comunhão, no seio da qual, os pais
são os primeiros catequistas, deve receber um olhar especial. Ela é “um dos
eixos transversais de toda a ação evangelizadora” e respaldada por uma pastoral
familiar vigorosa e frutuosa.
As CRIANÇAS,
ADOLESCENTES E JOVENS precisam de maior atenção por parte de nossas comunidades
eclesiais porque são os mais expostos ao drama do abandono e ao perigo das
drogas, da violência, da venda de armas, ao abuso sexual, à falta de oportunidades e perspectivas de
futuro.
A PASTORAL
DA JUVENTUDE (PJ) é urgente tanto quanto a infanto-juvenil consistente e efetiva em nossas Igrejas.
NO SERVIÇO
À VIDA, devemos acompanhar as alegrias e preocupações dos trabalhadores/as na
luta contra o desemprego e o subemprego, criando ou apoiando alternativas de
geração de renda, a economia solidária, a agricultura familiar, a
agro-ecologia, o consumo solidário, a segurança alimentar, as redes de trocas, o
acesso a crédito popular, o trabalho coletivo e a busca do desenvolvimento
local sustentável e solidário.
A PRESERVAÇÃO DA NATUREZA E O CUIDADO COM A ECOLOGIA HUMANA, através do respeito à
biodiversidade, destacando a preservação da água - - do solo e do ar, evitando
sua PRIVATIZAÇÃO exige educação.
O crescimento econômico deve ser orientado para o desenvolvimento sustentável e distribuição de renda.
A PARTICIPAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA DOS CRISTÃOS
LEIGOS/AS deve ser
incentivada e promovida com formação permanente. A participação ativa e
consciente nos CONSELHOS DE DIREITOS
deve ser promovida.
A FORMAÇÃO DE PENSADORES E PESSOAS QUE ESTEJAM
EM NÍVEIS DE DECISÃO é a grande tarefa de evangelizar
os “NOVOS AREÓPAGOS”: o mundo universitário,
o mundo da comunicação, o
mundo dos empresários, dos políticos, dos formadores de opinião, o mundo dos trabalhadores, dos dirigentes
sindicais e comunitários.
A PASTORAL DA CULTURA deve ser incentivada, através de Centros Culturais católicos e de
projetos culturais. DESAFIO grande é aproximar fé e
razão, com a aplicação da Doutrina Social da Igreja, num contexto
cultural impregnado de ceticismo e de
irracionalidade, também midiática.
V – INDICAÇÕES DE
OPERACIONALIZAÇÃO
UM EFETIVO
PROCESSO DE PLANEJAMENTO exige ao
menos sete passos assumidos em comunhão e participação para causar impacto na
realidade:
Primeiro passo: ONDE ESTAMOS
Segundo passo: ONDE PRECISAMOS ESTAR
Terceiro passo: NOSSAS URGÊNCIAS
Quarto passo: AONDE
QUEREMOS CHEGAR
Quinto passo: COMO VAMOS AGIR
Sexto passo: O QUE VAMOS FAZER
Sétimo passo: RENOVAR AS ESTRUTURAS
COMPROMISSO DE UNIDADE NA MISSÃO é um forte
apelo à EFETIVA UNIDADE NA DIVERSIDADE. Assim, a Igreja no Brasil tornar-se-á imagem
do Deus-Trindade – COMUNHÃO DOS TRÊS DIFERENTES - quando Cristo será tudo em
todos no amor (1 Cor 15,28).
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