Lc 11, 1-13
A qualidade da nossa
oração depende muito da visão e do conceito que temos de Deus e nesse sentido,
o “Pai Nosso” introduz algo novo na oração: Deus, cujo nome até então era até
proibido de se pronunciar, é agora chamado de PAI porque Jesus tornou possível
essa intimidade entre o Homem e Deus ao nos dar o seu espírito que em nós clama
ao PAI. A oração ensinada pelo próprio Cristo não evoca a imagem de um Deus
distante, ao contrário, esse céu, lugar da morada de Deus, desceu até os homens
em Jesus Cristo, pois céu significa comunhão plena com Deus, que só foi
possível porque o verbo Divino se fez homem.
Dessa invocação inicial
emanam todas as demais e assim, o nome de Deus é santificado quando damos
testemunho dessa santidade que se realiza e acontece somente na perfeição do
amor, Deus não precisa de nenhum elogio, aplauso ou louvor, mas ele é
glorificado precisamente no testemunho autêntico do evangelho de Cristo, e que
consiste em ser solidário com quem sofre ter compaixão dos pobres, perdoar quem
nos ofende, ser paciente com todos, essas são algumas formas de se santificar e
glorificar o santo nome de Deus. Certamente fazemos isso de maneira ritualista
em nossas liturgias, mas é preciso que esse louvor não fique só em nossos
lábios, mas esteja em nosso coração, que desta forma, batendo no mesmo ritmo do
coração misericordioso de Cristo, esteja realmente perto de Deus.
O reino de Deus precisa
ser construído, ele não cai do céu, e essa construção requer em nosso dia a
dia, muita paciência, mansidão e perseverança, portanto, desejar que esse Reino
venha até nós, é em primeiro lugar ter total disponibilidade para acolhê-lo em
nossa vida e em nosso coração. Mas há um ponto chave de toda oração, que aqui é
realçado pelo Senhor “seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”.
Muitas vezes entendemos como oração poderosa, aquela que consegue convencer
Deus, para que ele nos socorra e nos favoreça em tudo o que pedimos, sempre de
acordo com nossas conveniências e interesses. A nossa oração fica muito pobre
quando se limita a apresentar a Deus o nosso mesquinho projeto humano, pedindo
para ele realiza-lo exatamente dessa forma, que nos agrade e satisfaça.
Deus para muitos não
passa de um super-herói a quem se recorre quando se chega ao limite. A
verdadeira oração é também uma escuta em uma abertura total á vontade Divina á
nosso respeito. Neste evangelho Jesus ensina que temos que ser insistentes
naquilo que pedimos que o Senhor nos dê o pão de cada dia, a vida e suas
múltiplas formas e manifestações, mas que haja em nós esse desejo e disposição
de buscá-la, de construí-la, e principalmente de partilhá-la, pois pão que não
é partilhado deixa de ser pão. Que nunca nos falte o perdão do Pai diante das
nossas ofensas, mas que o nosso coração deixe de ser tão estreito e se alargue
para também saber perdoar, mesmo porque, só experimentaremos a alegria do
perdão de Deus, quando o nosso perdão dado de modo incondicional e gratuito,
faz aflorar um sorriso de alegria no rosto de quem antes era nosso inimigo.
Que ele nos livre das
tentações, principalmente da mais terrível que é a de querermos colocá-lo ao
nosso dispor, para nos servir sempre que solicitado, invertendo a ordem das
coisas, porque na verdade nosso Deus já fez isso em Jesus Cristo, que se aniquilou
a si mesmo e por nós se entregou, fazendo-se servidor do Pai, agora é a nossa
vez de nos abaixarmos para lavar os pés, na entrega generosa no amor ao
próximo.
E se formos mesmo
insistentes, como nos ensina o senhor, um dia alcançaremos tudo o que pedimos,
porque de tanto nos entregarmos a oração, como Jesus fazia, iremos conhecer
ainda mais o nosso Deus e a sua vontade a nosso respeito.
A conclusão final a que
se chega com a reflexão deste evangelho, é de que nossas orações não mudam a
Deus, mas, com a perseverança e insistência, ela vai transformando o nosso
coração e toda nossa vida,e assim vamos nos moldando segundo a santa vontade de
Deus. Nesse dia podemos afirmar categoricamente que a nossa oração foi
atendida.
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