Lc 11, 1-13
No texto do evangelho
deste domingo é enquadrado à menção do "pedido": no v. 1, "um
dos discípulos pediu-lhe: 'Senhor, ensina-nos a orar…?"; no v. 13 é Jesus
quem diz: "… quanto mais o Pai do céu saberá dar o Espírito Santo aos que
lhe pedirem!". O "pedido" é o tema principal de nossa perícope.
Qual deve, então, ser o pedido que caracteriza a súplica do discípulo? Pedido e
promessa visam ao Espírito Santo. Não é, aqui, o espaço de fazermos um
comentário sobre o Pai-Nosso.
Basta simplesmente dizer
que, o que nos permite entrar no dinamismo da relação filial entre Jesus e o
Pai, é o Espírito Santo, que o Pai dará.
Segue à oração do
Pai-Nosso, que é a oração do Senhor e da comunidade que ele reúne, uma parábola
(vv. 5-8) e sua interpelação para o discípulo (vv. 9-12). O que pedir? O que
Deus oferece?
É preciso mover a
vontade e pedir insistentemente (cf. vv. 8-9), sem desanimar.
A súplica é exercício de
humildade e confiança. Mas o que pedir? O Pai-Nosso ilustra: pão, perdão, não
ceder às tentações. Pedir não só para o indivíduo, mas para todos. Mas não é
só, ou não é tudo, pois a vida do ser humano não se reduz ao imediato. Deus nos
oferece gratuitamente o Espírito Santo (v. 13); Jesus sugere que nós o
supliquemos ao Pai. É o Espírito Santo, Deus em nós, que ilumina nossa vida
para que possamos discernir as soluções dos dramas humanos. É o Espírito Santo
que nos permite entrar na intimidade divina.
O traço mais
característico do Pai, transmitido nos Evangelhos, é a misericórdia. Por isso,
ao ensinar os discípulos a rezar, Jesus revela-lhes o rosto misericordioso do
Pai, e os exorta a contar sempre com ele. Um dado fundamental: é preciso ser
perseverante, quando se trata de recorrer ao Pai. Só ele conhece o momento
oportuno de atender a quem lhe pede ajuda. Contudo, ninguém perde por esperar.
A argumentação de Jesus
funda-se na insuperável misericórdia divina. Se nenhum pai humano, por pior que
seja, responderia à súplica de um filho, dando-lhe algo nocivo, quanto mais o
Pai celeste. Sua bondade infinita responde generosamente a quem lhe suplica. E
ninguém fica decepcionado, pois é garantida a sua intervenção em favor de seus
filhos.
A oração do Pai-Nosso é
o resumo de tudo de que há de bom e que o discípulo pode desejar obter do Pai.
Para rezá-lo, o orante deverá despojar-se de suas ambições pessoais e
sintonizar-se com a misericórdia divina. Por isso, seu desejo é ver santificado
o nome do Pai celeste, e concretizado seu Reino, na história humana. Seus
anseios abrem-se para as relações interpessoais e se manifestam na esperança de
ver o pão ser partilhado entre todos, os pecados, perdoados, e o ser humano,
livre das insídias do Maligno. Só um coração misericordioso, à imitação do Pai,
poderá nutrir tais desejos!
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