Comentário do Evangelho de Mc 2,13-17
"Diga-me com quem
andas e te direi quem és" - lembram-se deste provérbio? Na minha infância
cresci ouvindo exortações dos meus pais e educadores para que evitássemos as
más companhias e até confessávamos isso ao Padre porque era considerado pecado.
Quando
comecei a ter uso da razão e deparei com esse evangelho, comecei a achar que
tinha algo de errado, ou com a nossa formação ou com Jesus. Estar junto as
pessoas desqualificadas não significa aprovar suas atitudes erradas e nem
compactuar com elas, nossos pais e educadores tinham medo de que a influência
do mal presente na vida dessas "pessoas" rotuladas como más companhias,
acabasse nos contaminando. Mas... E o Bem presente em nós na Graça de Deus,
será que não têm uma força para contagiar as pessoas com quem nos relacionamos?
Pois
aí é que está o grande problema, inclusive de hoje em dia. O mal influencia a
vida dos cristãos e as comunidades. Jesus, o Filho de Deus, não teme o mal
presente na vida das pessoas, pois foi exatamente para isso que ele veio, para
combatê-lo e eliminá-lo para sempre. Jesus não só andou com as más companhias,
foi mais longe e assumiu a fragilidade humana por amor a humanidade que estava
sob o domínio do mal.
Nos
dias de hoje não podemos mais pensar dessa maneira, pois como discípulos e
missionários de Jesus, nós temos que ter mais fé em nosso "Taco", na
poderosa Graça de Deus presente em nossa vida, no poder de Deus manifestado no
Espírito Santo e assim sairmos do nosso ambiente sagrado e entrarmos sem medo
naquilo que muitas vezes consideramos profano, confiantes de que em Cristo
somos mais que vencedores.
A
casa de um Publicano cobrador de impostos não tinha nada de sagrado, ao
contrário, os amigos de Levi eram todos da mesma "laia" que ele, isso
é, pecadores considerados irrecuperáveis diante de Deus e dos homens. Sem a
menor cerimônia Jesus vai á sua casa, o evangelista não menciona de quem partiu
o convite, pode ser que tenha sido Levi, feliz da vida por ter sido convidado a
ser discípulo e por isso queria comemorar, mas também pode ser que tenha
partido de Jesus que nesse sentido era meio "oferecido", lembram-se
da história do pequeno Zaqueuzinho?
O
fato é que, quando se trata de salvar e oferecer as pessoas essa Vida
totalmente Nova, Jesus de Nazaré faz de tudo e não está nem aí com certos
preconceitos. Propõe, convida, chama, inclusive a "gentalha" que
muitas vezes ainda continuamos a excluir em nossos tempos. Pensem um pouco...
Quanta gente rotulada como má ( só porque não pertencem ao nosso grupo, igreja
ou comunidade) dando por aí um testemunho maravilhoso com palavras e atitudes á
favor da vida...
E
ao final da reflexão deixo essa perguntinha, no mínimo provocadora: Quem são os
"Enfermos" dessa história?
Jesus senta à mesa com os pecadores
É o segundo relato de
vocação no evangelho de Marcos. Por que Jesus chama Mateus, um publicano, um
pecador público, portanto, considerado impuro? A resposta: porque ele quis (cf.
Mc 3,13). Como os quatro primeiros chamados (Mc 1,16-20), Mateus deixa tudo
para seguir Jesus. A refeição oferecida em casa de Mateus a Jesus e seus
discípulos, e cuja mesa é partilhada com "muitos publicanos e
pecadores", é uma espécie de despedida de Mateus de sua vida anterior ao
encontro com Jesus.
A
partilha da mesa com os que eram considerados impuros é o que escandaliza os
escribas e fariseus, e põe, para eles, em questão a identidade de Jesus. A ida
de Jesus à casa de Mateus faz desmoronar um esquema religioso que exclui as
pessoas da comunhão com Deus.
Jesus,
assim como Deus no Antigo Testamento (Ex 15,26; Dt 32,39 etc.), se apresenta
como médico que cura o ser humano das feridas profundas onde somente ele pode
chegar e para as quais somente ele tem o remédio. O episódio é a ocasião em que
Jesus define a sua missão: "Não é a justos que vim chamar, mas a pecadores"
(v. 17).
DA MARGINALIZAÇÃO AO
DISCIPULADO
A passagem de Jesus pela
vida de Levi provocou nele uma transformação considerável. Ele saiu
imediatamente da marginalização sócio-religiosa para ingressar no discipulado,
ao aceitar o convite do Mestre, exigindo dele a renúncia a uma atividade odiosa
aos olhos de seus contemporâneos. Doravante, Levi não seria mais um publicano,
e sim um discípulo de Jesus. A opção religiosa desse discípulo teve
conseqüências também no plano social.
Na
percepção de Jesus, porém, a mudança na vida de Levi deu-se num nível bem
diverso. A discriminação, devida à profissão de cobrador de impostos, era
irrelevante para o Mestre. Este procurava colocar-se acima dos preconceitos
humanos. Importava-lhe, antes, o que se passava no coração de Levi, sentado no
seu local de trabalho. Embora vivendo num ambiente corrompido e corruptor, sem
dúvida, ele mantinha um elevado padrão de religiosidade. Os preconceitos que
recaíam sobre sua categoria profissional não foram suficientes para levá-lo a
apegar-se aos bens materiais. Assim, quando Jesus passou, estava
suficientemente livre para segui-lo, sem restrições.
Ninguém
ficou sabendo da mudança operada na vida de Levi, além dele mesmo, e do próprio
Mestre. O homem de fé viu concretizar-se o que, até então, era objeto de
esperança. Seguir o Messias Jesus significava ver realizada a promessa divina.
Assim, mais que uma marginalização social, Levi superou a verdadeira
marginalização religiosa, ao se fazer discípulo do Reino.
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