Reflexão Mc 1,40-45
O
assédio das multidões fazia Jesus evitar as cidades e preferir os lugares
desertos, para onde acorria quem precisava de sua ajuda. Esta opção explica-se
pelo desejo de realizar sua missão com plena liberdade, sem ser pressionado
pelos ideais messiânicos, largamente difundidos nos meios populares. O deserto
era apropriado para ele se proteger.
Mas
é possível fazer uma interpretação simbólica desta opção de Jesus. O imaginário
da época reportava-se às agruras do êxodo do Egito, quando pensava no deserto.
Sendo desabitado, sem vegetação, este se torna perigoso e mortífero. O deserto
é lugar de provação. Nele é preciso escolher entre confiar em Deus ou confiar
em si mesmo e nas capacidades pessoais de vencer os desafios.
A
configuração terrível do deserto gerou a crença de que, nele, habita o Diabo,
como se fosse o lugar escolhido, por ser neutro, para o confronto com Deus. As
cenas evangélicas da tentação são, por isso, situadas no deserto, para onde
Jesus é conduzido pelo Espírito.
Escolhendo
o deserto como lugar de ação, Jesus combatia o inimigo da humanidade, dentro
dos domínios deste. Esta luta sem trégua marcou a ação do Mestre, pois a
implantação do Reino supunha a derrota das forças diabólicas. Ele as enfrentou
e venceu, com destemor. Sinal disto foram as curas e os milagres realizados nas
regiões desertas. Com a chegada de Jesus, o Diabo perdeu o poder de oprimir o
ser humano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário