quinta-feira, 2 de maio de 2013

O mandamento do amor é a expressão máxima da vida cristã



Comentário baseado no Evangelho de Jo 13,31-35


O texto dos Atos dos Apóstolos relata a missão de Paulo e Barnabé entre os pagãos. A missão itinerante de ambos visa encorajar os discípulos a permanecerem firmes na fé, não obstante perseguições e sofrimentos (cf. v. 22). A comunidade primitiva vai se organizando com o fim de cuidar daqueles que abraçavam a fé (cf. v. 23). A Igreja que nasce do mistério pascal de Jesus Cristo é impulsionada pelo Espírito Santo para fazer com que a Boa-Notícia da salvação ultrapasse os limites de Israel: a “porta da fé” é aberta aos pagãos (cf. v. 27).
O evangelho é a sequência imediata da última ceia de Jesus com os seus discípulos (Jo 13,1-30). A última ceia, segundo o evangelho de João, foi o lugar do gesto simbólico do lava-pés, em que os discípulos são chamados a tirar as consequências dos gestos para a própria vida e a “imitar” o Mestre (cf. 13,12-17). Aí, na mesa da comunhão, é anunciada a traição de Judas (13,21-30).
Os versículos que nos ocupam são o indício de um longo discurso de despedida (13,31–14,31). A saída de Judas, à noite, do lugar da ceia, desencadeia o discurso que é instrução e revelação. Em Jesus, Deus revelou a sua própria glória.
A glorificação do Filho está, em primeiro lugar, na sua paixão e morte por amor – esta é a glorificação de Deus pelo homem, e do homem por Deus. É à paixão e morte que a glorificação se refere (cf. v. 33). Deus é glorificado na entrega do Filho por amor (cf. 13,1).
O mandamento do amor é a expressão máxima da vida cristã. Em que ele é novo, uma vez que já se encontra prescrito pela Lei (Lv 19,18.34; Dt 10,19)?
A identidade dos discípulos é dada pelo mesmo dinamismo que levou o Senhor a entregar-se por nós: “Nisto conhecerão que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (v. 35). A medida do amor fraterno é o amor de Cristo: “Como eu vos amei” (v. 34).
O amor não é uma ideia, nem se reduz a nenhum “sentimento”, mas é um movimento de entrega que faz o outro viver, que gera vida: “Sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte” (1Jo 3,14). A Igreja, “morada de Deus com os homens” (Ap 21,3), deve ser a imagem do Deus que acolhe, que se entrega e faz viver plenamente.

A profissão de fé no Cristo Ressuscitado incide, diretamente, na vida do discípulo. Ela não é um discurso vazio, uma abstração intelectual, nem tampouco uma bela teoria. A fé consiste em acolher Jesus de tal forma, que toda a existência do cristão passe a ser moldada por esta opção. E o molde da vida cristã é a vida de Jesus. Seu distintivo é o amor mútuo.
Estando para concluir o ciclo de orientações aos discípulos, o Mestre resumiu tudo quanto havia ensinado, num único mandamento, chamado de mandamento novo: "Amem-se uns aos outros, como eu amei vocês". A prática do amor mútuo é a expressão consumada da fé em Jesus. Não existe fé cristã autêntica, se não chegar a desembocar no amor.
Não se trata de um amor qualquer. O modelo é: amar como Jesus amou as pessoas, a ponto de entregar a própria vida para salvá-las. 
O verdadeiro discípulo distingue-se pelo amor. Quanto mais autêntico e radical for este amor, mais revelará o grau de sua adesão a Jesus.
A capacidade de amar-se mutuamente indica o quanto Jesus está agindo na vida do cristão. A presença salvadora de Jesus tem o efeito de desatar o nó do egoísmo, que afasta os indivíduos de seus semelhantes e, por conseqüência, de Deus também. O cristão, salvo por Jesus, manifesta a eficácia desta salvação na vivência do amor.

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