Comentário baseado no
Evangelho de Lc 13,1-9
Nesta vida tudo é
discutível e negociável à exceção da morte, que irá nos acontecer mais cedo ou
mais tarde, sendo que a morte nos trará o juízo de Deus. É uma verdade que não
gostamos nem de pensar e que na quaresma somos convidados pela palavra de Deus
a pensarmos naquele primeiro momento, em que estaremos diante de Deus, após a
morte.
Sabemos
que haverá um julgamento e isso significa que Deus espera algo de cada um de
nós e poderíamos até afirmar que temos uma meta a ser alcançada, uma missão a
ser cumprida e nesse caso, a primeira coisa a ser feita é estarmos disponíveis
para Deus, mesmo que não nos julguemos capazes para tanto, como aconteceu com
Moisés, conforme a primeira leitura desse domingo.
Mas
essa disponibilidade deve sempre vir acompanhada de uma total confiança em
Deus, alimentando em nós a esperança e a certeza de que ele caminha conosco,
mesmo que às vezes a estrada seja íngreme como um deserto, e a esse respeito, o
apóstolo Paulo lembra-nos, que quando falta esta confiança inabalável no Senhor
que nos conduz, poderemos estar caminhando para a morte e não para a vida.
A
nossa Fé deverá ser inabalável, mesmo que algo dê errado, pois como simples
mortais, estamos sujeitos as imprevisibilidades desta vida que são aqueles
acontecimentos que não esperamos, e que podem nos atingir ou a alguém do nosso
relacionamento, como aqueles galileus, que se envolveram em um conflito com os
soldados de Pilatos no templo de Jerusalém e foram brutalmente assassinados, ou
como aquele grupo de trabalhadores que morreram tragicamente na queda de uma
torre que estava sendo construída.
Não
é Deus que provoca esses acontecimentos, para punir e castigar os pecadores,
como podem pensar algumas correntes religiosas, o massacre dos galileus foi um
ato de violência contra a vida, a mando de Pilatos, e a queda da torre, pelo
menos naquele tempo, não foi nenhum atentado terrorista, mas um acidente de
trabalho, aliás, que também merece uma reflexão, pois os acidentes de trabalho
acontecem por causa de alguma falha humana ou alguma condição insegura. Porém,
Deus consente estes fatos porque respeita a liberdade humana, mas a partir da
tragédia, nos ensina alguma verdade que serve para a nossa edificação.
Sobre
tudo o que ocorre no mundo de hoje, guerras, conflitos, chacinas, execuções,
crimes hediondos até contra crianças, falamos e ouvimos muitos discursos
inflamados, desde o simples cidadão até as altas celebridades que nos grandes
meios de comunicação promovem debates acirrados, ao lado de uma imprensa
sensacionalista onde indignados jornalistas gritam palavras de ordem, dando-se
a impressão de que, por conta disso, grandes mudanças irão ocorrer. Mas ao
final, tudo continua como antes até que aconteça a próxima tragédia, para
sacudir a opinião pública.
Jesus
não entra nessa onda, não declarou guerra contra Pilatos, que era o que muitas
lideranças queriam, e nem arquitetou alguma severa punição para aplicar aos
responsáveis pela queda da torre. De investigação e denúncias, o povo já está
saturado, porque no final da história, os culpados sempre ficam impunes.
Jesus
aproveita o fato para nos alertar sobre a urgência da nossa conversão, que se
inicia quando mudamos a nossa mentalidade em relação a Deus, ele não é aquele
que abençoa dando saúde e bens materiais a quem lhe obedece, e que faz cair a
desgraça na cabeça de quem não o aceita, pois se fosse assim, não ocorreriam
tragédias na vida de um cristão.
Ele
quer que concentremos nossa atenção no presente, percebendo a cada minuto á sua
vontade a nosso respeito, fazendo o reino acontecer a partir de pequenos gestos
de amor e de solidariedade em nosso quotidiano, porque se deixarmos esta vida
passar em branco, sem nos darmos conta de que temos uma missão a cumprir,
frutificando segundo a palavra e a graça de Deus, iremos nos surpreender ao
final, porque seremos semelhantes a uma árvore seca e improdutiva justo na hora
da colheita.
Nesta
vida Deus nos fertiliza todos os dias com a sua graça e a sua santa palavra
dando-nos todas as condições para produzirmos bons frutos. Só depende de nós! E
não precisa dizer o que vai acontecer com a árvore seca, que não dá nenhum
fruto...
Nenhum comentário:
Postar um comentário