Comentário baseado no
Evangelho de Jo 5,17-30
13\03\2013
Longe
de esconder sua filiação Divina diante dos Judeus que sempre o ameaçavam quando
esse assunto vinha a baila em suas discussões, Jesus afirma categoricamente ser
o Filho de Deus e revela que todas as suas ações estão em perfeita sintonia com
a vontade do Pai, os dois agem juntos.
Com
Jesus falando as claras com eles, ficaria muito fácil perceber que o Pai a quem
Ele se refere é o Deus da Aliança, que transmitiu suas Santas Leis a Moisés.
Bastaria que quisessem saber mais, e deixassem que seus corações se
inquietassem com as palavras de Jesus e rapidamente descobririam a Verdade.
Entretanto
os Judeus, que estão distantes da Verdade e o coração fechado para a Boa Nova,
se enfurecem ainda mais e querem matá-lo de qualquer jeito, pois violou a Lei
do Sábado e ainda por cima chama a Deus de Pai e se faz igual a Ele. Um
absurdo... um sacrilégio... uma blasfêmia que justificava a sua condenação.
Ao
falar de si, da sua imagem e semelhança com o Pai, do seu agir em conjunto com
Ele, da relação extremamente amorosa que há entre os dois, Jesus está falando
da relação Deus - Humanidade, Jesus está mostrando com extrema clareza quem é o
homem e qual é o seu destino junto de Deus. Jesus está se apresentando como
aquele que irá Salvar, redimir e resgatar a imagem e semelhança de Deus, que o
homem havia perdido com o pecado e diante desse fato inédito para a humanidade
toda, as Leis de Moisés não representavam mais nenhuma novidade.
E
essa rejeição por esta Divindade que se Humaniza e reflete quem Ele é nas ações
humanas, continua hoje, talvez por outras razões, mas com muito mais
intensidade.
O
homem da pós modernidade anda em busca de algo grandioso mas a sua cegueira
espiritual não deixa ver que essa grandiosidade está na própria natureza
humana, porque Deus regravou sua imagem em cada um de nós, quando Jesus se encarnou.
Nosso Deus não está lá em cima em algum lugar do espaço cósmico, escondido de
todos para nos fazer uma surpresa no final da História, Ele está oculto nas
entranhas do Ser humano, morando em sua alma e em seu coração, Feliz do Homem
que o encontra bem dentro de si, tão perto e tão longe ao mesmo tempo, porque o
Homem ainda não se descobriu e não se reconhece como Filho amado de Deus...
Há,
aqui, uma ampliação das consequências do episódio anterior. Os judeus
procuravam matá-lo por duas razões, segundo o nosso texto: por violar o sábado
e por dizer que Deus era seu Pai, fazendo-se igual a Deus. Diante da crítica de
ter curado em dia de sábado, Jesus responderá: "Meu Pai trabalha sempre, e
eu também trabalho".
A
afirmação de Jesus encontra apoio em Dt 5,12-15, em que não se diz que Deus
descansa, mas que o homem deve parar o seu trabalho no dia de sábado para fazer
memória da saída do Egito. A comunhão com o Pai é que faz com que o Filho faça
a obra de Deus.
O
ódio crescente contra Jesus e a decisão de matá-lo tinha uma razão bem clara:
sua pretensão de fazer-se igual a Deus. Isto se deduzia da liberdade com que
trabalhava em dia de sábado. Segundo a teologia da época, só Deus trabalha em
dia de sábado para garantir a subsistência da criação e da vida sobre a face da
Terra. Os sinais realizados por Jesus, em dia de sábado, tinham características
semelhantes, pois estavam estreitamente relacionados com a recuperação da vida.
Nos
seus ensinamentos, Jesus jamais chamou-se de "Deus". De fato, sempre
falou do Pai, a cuja vontade estava submetido, do qual viera e para o qual
voltaria, que o enviou com a missão de restaurar a existência humana corrompida
pelo pecado. Sua palavra era perpassada pela consciência de ser Filho. Nunca
pretendeu usurpar o lugar do Pai; antes, soube colocar-se no seu devido lugar
até o último momento, quando exclamou: "Pai, em tuas mãos entrego o meu
espírito!".
Jesus,
porém, tinha consciência de ser o caminho de encontro com o Pai. Quem acolhesse
suas palavras, estaria acolhendo as palavras do Pai. Crer nele comportava crer
no Pai. Honrá-lo corresponderia a honrar o Pai. Pelo contrário, rejeitá-lo
significava rejeitar o Pai.
A
teologia rígida dos adversários de Jesus não podia suportar tamanha ousadia. A
decisão de matá-lo foi o expediente extremo para eliminar uma pessoa incômoda.
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