Comentário baseado no
Evangelho de Jo 8,51-59
Podemos
dizer que os Judeus eram fundamentalistas em extremo e entendiam a escritura
antiga ao Pé da Letra. Desta visão distorcida e equivocada dos Profetas e da
Torá, é que vem o confronto com Jesus, que jamais contradisse uma só letra da
escritura antiga, mas fazia dela uma releitura aplicando á sua vida,
tornando-se ele próprio a Palavra Viva e a revelação mais clara da vontade de
Deus, o mesmo Deus Javé ou o Deus da Aliança, Pai de Jesus Cristo.
Jesus
interpretava a Lei e os Profetas mostrando em seu conteúdo o Deus que se revela
e que busca o homem para salvá-lo e resgatá-lo em definitivo das Forças do Mal.
Interpretar significa exatamente aplicar a Palavra de Deus escrita na Bíblia,
nos dias de hoje, na minha vida e na vida da comunidade, se não houver essa
interpretação, corre-se o risco de ser fundamentalista e isso acontece quando
não se faz a hermenêutica.
Jesus
mostra com palavras e obras á sua relação direta com o Pai, que é o Deus da
Aliança, o Deus de Moisés, o Deus de Abrão, Isac e Jacó. Os Judeus julgam serem
exímios conhecedores de Deus, apenas pelas escrituras, são eles os
interpretadores oficiais e não admitem que nenhum outro o faça, muito menos
Jesus, um simples galileu. O que na verdade eles conhecem de Deus é o que dele
escreveram os profetas e se falaram dos Patriarcas, conheciam na teoria mais
Jesus, o Filho Vivo de Deus está ali diante deles, mais do que conhecer a Deus,
Ele provém de Deus, Ele é o Deus vivo...
Jesus
nunca se preocupou em fazer sinais prodigiosos para superar os profetas ou os
Patriarcas, pois estes apenas prepararam o caminho para aquele que haveria de
vir, preliminarmente Deus se manifestou nesses Santos Homens, mas jamais com a
perfeição com que se manifestou em Jesus Cristo, seu Filho. Todos os que o
precederam anunciaram a Salvação e a libertação, Jesus é a Salvação e a
Libertação, ele não mostra o caminho mais ele é o caminho, ele não mostra a
Verdade, ele é a Verdade, ele não mostra a Vida, ele é a Vida!
Jesus
é a Escritura Viva de Deus, é o Verbo Encarnado, mas os Judeus fundamentalistas
só o vêem como um intermediário, na linha dos Patriarcas e dos Profetas de
Israel, valorizam a "casca" e menosprezam o fruto doce que está
dentro dela, enfiam as mãos pelos pés e confundem o meio com o fim....Confusão típica
de quem é fundamentalista e não consegue sentir em sua vida os efeitos
maravilhosos da Graça operante e santificante que Jesus oferece mediante a
Fé...
A palavra de Jesus é um
sopro que faz viver. “Guardar”, isto é, pôr em pratica a sua palavra, é viver e
experimentar a vitória sobre toda a realidade da morte.
No
episódio de Lázaro (Jo 11,1-57), no diálogo com Marta, Jesus diz: “Eu sou a
ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e
crê em mim, não morrerá jamais” (11,25-26). No diálogo noturno de Jesus com
Nicodemos, ele também dirá: “… Deus amou tanto o mundo que entregou seu Filho único
para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).
A
origem e o destino de Jesus foram motivo de controvérsia com os judeus. Por um
lado, o Mestre proclamava: “Se alguém guarda a minha palavra, jamais verá a
morte”. Por outro, afirmava: "Antes que Abraão existisse, Eu sou".
Seus
adversários raciocinavam de maneira aparentemente lógica. Os personagens mais
veneráveis do povo, como Abraão e os profetas, morreram. Acreditava-se na volta
do profeta Elias, que fora arrebatado ao céu numa carruagem de fogo. Não se
tinha, porém, notícia de alguém que não iria experimentar a morte. Com Jesus,
não haveria de ser diferente. Quanto à sua origem, era suficiente considerar
sua idade bastante jovem – "Ainda não tens cinqüenta anos..." – para
se dar conta da falsidade de sua afirmação.
Este
modo de pensar estava em total descompasso com a real intenção de Jesus.
Referindo-se à morte, pensava em algo muito mais radical que a pura morte
física. Suas palavras abririam caminho para a vida eterna, na comunhão plena
com o Pai, para além das vicissitudes desta vida terrena. Ao referir-se à sua
origem, não estava pensando no seu nascimento carnal, historicamente
determinável, e sim na sua vida prévia, no seio do Pai. Neste sentido, pode-se
dizer anterior ao patriarca Abraão, por possuir uma existência eterna.
Os
inimigos de Jesus eram demasiados terrenos para compreender esta linguagem.
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