Depois do nome, a
referência mais importante de uma pessoa é a sua filiação, filho de fulano e de
cicrana, ter uma mãe e um pai, uma origem, algo que está na essência da nossa
humanidade, sem essa referência, até da existência se pode duvidar. Quem é ele,
filho de quem, onde mora? O Filho de Deus, onipotente, onipresente, onisciente,
aceita trilhar o mesmo caminho do homem. A encarnação é obra de Deus, mas que
irá acontecer com a colaboração do homem.
O
rei Davi era a dinastia mais famosa de Israel, pois unificara o norte e o sul
formando um dos maiores impérios do oriente, o povo sonhava com aqueles tempos
em que Israel era uma nação respeitada e temida pelas demais, pois o rei Davi
impunha respeito, pelo poder do seu numeroso exército, mas acima de tudo por
ter sido ungido do Senhor, pois ser rei era uma missão divina. As profecias
falavam que o esperado messias era dessa família e que seria igual ou até
melhor que Davi, ele era para o povo o braço poderoso de Deus lutando a favor
dos pobres, alinhando-se com os homens justos e punindo os maus.
Os
grandes acontecimentos ou decisões importantes que representem mudança na vida
do povo, só poderiam ocorrer no meio dos poderosos, ao povo cabia ouvir, dizer
amém e aguentar as consequências. Entretanto a vinda do messias começa a ser
articulada entre Deus e uma mocinha pobre da periferia chamada Nazaré, até ela
própria fica assustada e surpresa quando percebe que está em suas mãos mudar os
rumos da história do seu povo. A mudança dos rumos de uma nação, só começa a
acontecer de fato, quando o povo descobre a sua força. Deus nunca seguiu as
estruturas humanas para realizar a salvação da humanidade, escolhe como
parceiro pessoas fracas, aparentemente incapazes de fazer qualquer mudança.
Por
caminhos tortuosos, incompreensíveis para os homens, Deus irá cumprir com a
promessa, o noivo de Maria chama-se José e pertence a família do grande rei
Davi mas apesar disso, José é um homem do povo, que vive de sua profissão de
carpinteiro. E Maria? Quais eram seus planos de vida?
Todos
nós temos de ter um projeto de vida, quem não tem, acaba não vivendo bem e nem
sabe o sentido da vida. Maria estava prometida em casamento a José, como seu
povo ela também esperava o messias, ela também alimentava no coração a
esperança de dias melhores.
E
em um momento de oração Maria se abre para ouvir a Deus e descobrir a sua
vontade a seu respeito. Somente uma fé madura e consciente consegue se abrir
diante de Deus e ao mesmo o questiona. Há certas coisas em nossa vida de
difícil solução, e que seria tão bom se Deus fizesse do nosso jeito. Não que
Deus seja sempre do contra, mas nunca vai ser do nosso jeito. Em Maria vemos o que
é realmente a fé, quando não fazemos questão que seja do nosso jeito, mas sim
do jeito de Deus, daí é que as coisas vão acontecer. Só que o jeito de Deus não
é muito fácil de aceitar porque ultrapassa a lógica humana.
Maria
não é casada, não tem marido, quando ela apresenta essa dificuldade o anjo
anuncia que as coisas irão acontecer do jeito de Deus e para que Maria possa
confiar é lhe dado um sinal, a prima Isabel, avançada em idade e ainda por cima
estéril, irá conceber uma criança. Os sinais de Deus nunca seguem a lógica
humana, mas é preciso confiar. E Maria aceita totalmente a missão, que não será
das mais fáceis, abre mão de todos os seus planos, inclusive o casamento com
José, ela aceita o risco de ser acusada de infidelidade, o que poderia fazer
com que fosse condenada á morte, caso o noivo a denunciasse.
Eis
aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra - Para nós, hoje
é muito fácil aceitar e entender essa história. Mas pensemos um pouco em Maria,
que não fazia idéia do que vinha pela frente, mas sabia que Deus estava com
ela.
Hoje
o reino de Deus vai acontecendo e sendo edificado em meio aos homens, na medida
em que, como Maria, nós aceitamos o desafio, fazendo de nossa vida uma entrega
total e silenciosa nas mãos do Pai. Para isso é sempre preciso renovar a cada
dia a decisão em favor de Jesus e seu reino...
2. O Divino e o humano se encontram
Na
festa de hoje, a Igreja comemora a concepção de Maria, fruto da união amorosa
entre seus pais, Ana e Joaquim. A esta festa articula-se a festa da Natividade
de Nossa Senhora, celebrada nove meses depois, no dia 8 de setembro.
"Imaculada conceição (concepção)" significa que Maria foi concebida
sem o pecado original, segundo o dogma proclamado por Pio IX em 1854. Maria,
por sua vez, em torno de seus quinze anos, conceberá Jesus, conforme a
narrativa exclusiva do evangelho de Lucas.
Através
de Maria, em Jesus, Deus assume a humanidade, comunicando-lhe a filiação divina
e a vida eterna.
3. ALEGRA-TE, CHEIA DE GRAÇA
A saudação do anjo Gabriel surpreendeu Maria. Quem era ela senão uma humilde habitante de Nazaré, cidade sem importância das montanhas da Galiléia? Mulher sem maiores pretensões do que a de ser fiel a Deus; uma virgem já prometida em casamento a José, mas sem viver conjugalmente com ele, conforme as tradições de seu povo? Afinal, que méritos tinha para ser uma "agraciada", "plena da graça" divina?
Maria
estava longe de compreender o projeto de Deus a seu respeito. Sua humildade de
mulher simples do interior não lhe permitia pensar grandes coisas a respeito de
si mesma. Quiçá tenha sido este o motivo por que fora escolhida por Deus para
ser mãe do Messias. Livre de toda forma de orgulho e autosuficiência, Maria
podia abrir seu coração para receber a graça de Deus que haveria de torná-la
templo do Espírito Santo. Ela tornou-se objeto da atenção divina, no seu anseio
de salvar a humanidade. Deus queria contar com alguma pessoa disposta a se
tornar "escrava do Senhor", e permitir que a vontade divina
acontecesse em sua vida, sem objeções. Foi para Maria que se voltaram os
olhares de Deus!
Tudo
quanto o anjo comunicara a Maria era grande demais para o seu entendimento, e
superava sua capacidade de pô-lo em prática. Abriu-se para ela uma perspectiva
nova, ao lhe ser prometida a assistência do Espírito Santo. Este seria a força
que lhe permitiria levar a bom termo a missão divina que lhe fora comunicada
pelo anjo.
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