sábado, 1 de dezembro de 2012

Vestir a Camisa com Fé e ficar em pé!


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO  
Lucas 21,34-36)
01 de dezembro de 2012-12-01

1.   

Liturgicamente hoje termina o nosso ano Litúrgico “B”  e amanhã  começa o novo ano, que na liturgia é identificado pela letra “C”.  Chegamos ao fim de uma caminhada e vamos iniciar outra.  Nesse contato contínuo com a Santa Palavra, nesse espaço, nas Celebrações Eucarísticas ou da própria Palavra, nas milhares de comunidades espalhadas pelo mundo afora, nos alimentamos dessa Vida Nova que a Graça nos transmite.
Também, com o passar do tempo, sempre tendo como sentido e referência única a Palavra de Deus, fomos tirando dos nossos corações aquelas coisas que antes considerávamos tão importantes, mas que diante da urgência da nossa conversão, fomos achando que eram inúteis, e assim o nosso coração ficou mais leve e arejado.
O evangelho de hoje recorda-nos tudo e nos questiona se essa caminhada valeu a pena. Portanto hoje a Palavra nos convida a olharmos para dentro de nós, bem lá dentro do nosso coração. Que sonhos e que anseios há nele? Estamos já convencidos de que o Reino que Jesus inaugurou entre nós, cuja causa nós abraçamos, vestindo a “Camisa”, é a coisa mais importante desse mundo, ou ainda vacilamos na Fé e temos o coração pesado, nesse sentido?
O que têm nos sustentado nessa caminhada? Nossas orações se tornam também ações a favor desse Reino, ou ainda somos daqueles que ficamos o tempo todo rezando para que as coisas melhorem em nossa vida e na vida das pessoas?
Pois, se vivemos uma Fé desse jeito, não entendemos nada do que a Palavra nos falou ao longo de todo esse tempo e o que é pior, quando o Reino chegar em definitivo, será para nós uma grande armadilha e iremos nos apresentar diante  de Deus, não em pé e com a cabeça erguida, mas deitados, derrotados e cabisbaixos por termos negligenciado a Força da Graça de Deus, que nos capacita a todo momento, a construímos esse Reino com as nossas próprias mãos.
2.   A pessoa em primeiro lugar

O discurso escatológico teve início com a fala de Jesus anunciando a destruição do Templo de Jerusalém, quando os discípulos se admiravam da beleza e do luxo do mesmo. Esta admiração dos discípulos é característica de uma tradição na qual os ricos são admirados por seu poder e pompa, enquanto os pobres são tratados com indiferença. Com o anúncio da destruição do Templo, Jesus remove tal tradição, propondo um novo olhar sobre o mundo, resgatando a dignidade e a vida das pessoas.
Os discípulos devem estar atentos para não se deixar seduzir pelas propagandas e os projetos de sucesso oferecidos pelo sistema sob controle dos poderosos, que escravizam o povo. Estes poderosos forjam armadilhas para manter o povo iludido, esperançoso e dependente, usado como instrumento de lucro do sistema. Corre-se atrás do dinheiro e das benesses dos poderosos, curvando-se aos seus interesses e desumanizando-se. Cai-se, assim, na embriaguez da riqueza, com a preocupação em conquistá-la e, se o consegue, em preservá-la, tornando-se escravos da mesma.
Os falsos valores vão sendo derrubados, mas os discípulos, perseverantes na oração, dedicam-se à construção do novo mundo de justiça e paz, e permanecem de pé diante de Jesus, o Filho do Homem.

 3. FIQUEM ATENTOS!
A demora da vinda do Senhor pode ter como efeito, no coração do discípulo, uma espécie de torpor espiritual, que o leva a viver sem esperança no futuro, e sem criatividade no presente. Jesus quis manter viva, no discípulo, a chama da esperança, de forma a impedi-lo de enveredar-se pelo caminho da busca desenfreada de prazeres mundanos e de limitar-se a preocupações mesquinhas centradas em coisas irrelevantes.
Vigilância e oração seriam a forma de manter viva a esperança. A vigilância confronta continuamente o discípulo com as realidades escatológicas, não permitindo que ele ceda à tentação de acomodar-se e levar uma vida medíocre. Essa vigilância apresenta-lhe as exigências atuais do Reino como pré-condição para ser acolhido no Reino definitivo, e o move a viver conformando sua vida com elas.
A oração, por sua vez, faz o discípulo viver em comunhão com o Senhor que vem. Ou seja, já no presente, o discípulo orante experimenta a comunhão que, no futuro, se plenificará. Este íntimo relacionamento com o Senhor reflete-se na vigilância.
O discípulo orante tudo fará para ser fiel ao Senhor e ao seu Reino. A oração leva-o a ter uma atenção redobrada, para não perder de vista o Senhor que vem. Leva-o, também, a antecipar as alegrias do Reino.



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